Bispo de Angra participou na segunda metade da Romaria Escolar, que se realizou hoje entre Ponta Delgada e a Candelária, e saiu excepcionalmente do Convento da Esperança
O caminho cansa as pernas, mas a partilha torna a carga mais leve. Esta é a opinião de José Pavão, um jovem romeiro a sério- sairá para a sua terceira romaria quaresmal com o seu rancho na próxima semana- e romeiro por um dia na primeira Romaria Escolar que completa.
“Está a ser cansativo, mas está a ser muito espiritual. Temos tido muitas possibilidades de falar, refletir, agradecer e pedir; sobretudo tenho conseguido conviver muito bem até com pessoas que não conheço de lado nenhum” refere o jovem aluno da Escola Secundária Antero de Quental, uma das escolas que se fez presente através dos diferentes elementos da comunidade educativa na XX Romaria Escolar de Ponta Delgada, que este ano teve como mote a Esperança.
Bianca Duarte fez-se ao caminho pelo segundo ano. A ideia de fazer um percurso diferente seduziu-a e apesar de considerar o caminho “cansativo” diz que ficou de coração cheio.
“Contemplar a natureza e conviver é muito bom. Gosto particularmente de entrar em igrejas novas” refere.
Para esta aluna, também da Escola Antero de Quental, o caminho é sempre “positivo”. E quando questionados sobre o tema desta Romaria Escolar, José Pavão é célere a responder: “Ter esperança é ter uma ideia e conseguirmos trabalhar e lutar, com fé, para a alcançar”.
Pouco faltava para as 7h00 da manhã quando os 72 romeiros, jovens e adultos, iniciaram formalmente a sua romaria no Convento da Esperança, lugar que simbolicamente assinalou a partida deste momento “de espiritualidade e contemplação da natureza”, como a organização reafirmou ao Sítio Igreja Açores.
“Estamos muito contentes não só pela data redonda de romarias mas por podermos, assim, manter viva a tradição, criando um espaço de acolhimento e reflexão” disse Bento Aguiar, diretor adjunto da Pastoral Escolar da diocese de Angra.
A Romaria deste sábado contou essencialmente com jovens das escolas de Ponta Delgada, mas a Romaria Escolar “está sempre aberta a todos”. Esta, em particular, “por questões logísticas e de proximidade” estava dirigida a jovens de Ponta Delgada, Ribeira Grande e Lagoa.
“As escolas de outros concelhos organizam as suas próprias romarias. O que pedimos aos colegas é que sejam sempre orientados por romeiros de ranchos próximos”, acrescentou ainda bento Aguiar, professor de Educação Moral e Religiosa Católica na Escola Secundária Antero de Quental.
Este ano, a comunidade educativa de Ponta Delgada foi acompanhada, de novo, pelos romeiros de São Pedro.
“Acima de tudo estou a acompanhar e a servir; são sempre momentos especiais: sentimos a espiritualidade dos jovens de uma maneira muito simples, tranquila e direta e isso é de um valor incalculável” disse Raúl Medeiros, mestre deste “rancho”. É um romeiro experiente do rancho de São Pedro, e apesar de já ter feito inúmeras romarias, prefere falar sempre na novidade que cada uma traz.
“Tenho muitas novas caminhadas; em cada ano faço sempre uma nova caminhada” refere numa espécie de jogo de palavras que é mais a confissão de alguém que sente o caminho a percorrer como uma oportunidade renovada de conversão.
“Nesta caminhada tenho recebido muita esperança, pela maneira de ser, pela alegria que eles transportam já posso dizer que experimento a esperança em estado vivo. É isto que nos faz sorrir, mesmo diante das adversidades”.
A romaria terminou com a celebração de uma eucaristia presidida pelo bispo de Angra, que fez a segunda parte do percurso a pé, e concelebrada pelo cónego Adriano Borges, responsável diocesano da Pastoral Escolar e pelo pároco da candelária, padre Nuno Maiato.
“Vocês, em cada lugar, são sempre um sinal de esperança. Não sejam jovens tristes; sejam a causa de alegria no mundo” pediu D. Armando Esteves Domingues no final da homilia, depois de ter refletido sobre a liturgia deste V domingo da Quaresma.
“Nenhum cristão conhecerá a Cristo se não percebe a cruz e o seu significado” disse o prelado destacando que o cristão “é seguidor de Cristo através da Cruz”.
O prelado pediu, ainda, aos jovens para serem autênticos e nunca desistirem do caminho.
“Estamos todos juntos; ninguém ficou para trás. Somos Povo de Deus em caminho. Quem dera que a Eucaristia tivesse sempre caminho, coração, sintonia e paixão por todos”, afirmou D. Armando Esteves Domingues, que nesta Romaria ainda não usou o lenço de Romeiro.
“Não o podia fazer; nunca fiz uma romaria completa e por isso não posso usar o lenço porque ainda não sou romeiro. Temos de ser autênticos”, rematou.
Também o responsável pela Pastoral Escolar deixou um apontamento final: “Que nos sintamos iluminados pela romaria e que a nossa refer~encia maior seja sempre Cristo para que sejamos capazes de O levar aos irmãos” disse o cónego Adriano Borges.
Nesta Romaria Escolar foram várias as intenções apresentadas pelos romeiros, nomeadamente pelos pais, pelos avós e por eles próprios, mas também esteve presente a guerra na Terra Santa e em todos o lugares do mundo onde não há paz”.