Pe Nuno Rosário Fernandes alertou para a responsabilidade dos cristãos de serem consumidores e produtores de informação
A sociedade atual vive um período de supremacia da pós-verdade que, na maior parte das vezes, além de nos apresentar a realidade apresenta-nos a sua verdade assente em máquinas de propaganda, disse esta tarde o diretor de comunicação do Patriarcado de Lisboa no âmbito das III Jornadas Diocesanas de Comunicação, que se estão a realizar nas Lajes do Pico, nos Açores.
O Pe. Nuno Rosário Fernandes desafiou a igreja a ser mais ativa na luta contra esta supremacia de noticias que “são fabricadas”, a partir de “fantasias e preconceitos”, que não permitem uma leitura efetiva, isenta e rigorosa da realidade.
“A missão de fazermos comunicação responsabiliza-nos a todos pois hoje somos consumidores mas também somos produtores e as novas tecnologias podem contribuir para um certo sentido de verdade”, disse o sacerdote lembrando que existe uma dualidade de critérios editoriais que levam a que determinados assuntos sejam noticia e outros não.
O sacerdote falou ainda das mudanças na forma de fazer noticias, introduzidas pelas novas tecnologias, e no perigo dos órgãos de informação serem eles próprios criadores e interpretes desses mesmos acontecimentos. E deixou um desafio aos órgãos de comunicação de inspiração cristã: que sejam capazes de contar a realidade a partir de um conjunto de valores assentes na verdade, no rigor e na isenção, resistindo a doenças como “a calúnia, a difamação, desinformação e coprofilia”.
Ainda no painel sobre “A verdade dos media: a responsabilidade de espectadores comprometidos” o diretor do jornal A Crença, propriedade da paróquia da Matriz de Vila Franca do Campo, deixou mais interrogações que respostas.
O Pe. António Cassiano questionou os critérios editoriais que devem presidir à definição de um órgão de informação da Igreja e, de uma forma mais genérica desafiou os jornalistas a procurarem de forma “sincera a verdade pois é dessa busca que “cresce a verdade”.
Já David Borges, diretor do Jornal picoense “Ilha Maior”, apresentou os constrangimentos que existem hoje na produção de informação e dos vários poderes fáticos que se apresentam aos jornalistas na produção de noticias.
As jornadas de comunicação da Diocese de Angra terminam com a conferência do Pe. José Júlio Rocha “Comunicar Esperança num mundo globalizado da Pós verdade”.