Por Renato Moura
As estações de televisão têm deveres impostos pela lei.
A RTP está vinculada a prestar um serviço público. Ao nível da informação deve ser rigorosa, isenta, independente, pluralista; uma referência em termos de qualidade, credibilidade e confiança. Quando tal não acontece, os portugueses têm o direito e o dever de o denunciar nas entidades públicas fiscalizadoras. É a televisão de todos nós, para além das receitas de publicidade paga pelos nossos impostos.
As obrigações dos canais privados resultam das licenças de concessão. Num ambiente de concorrência, é uma realidade evidente a preocupação dominante pela obtenção de maiores audiências, frequentemente obtidas em nichos de público pouco exigente.
A RTP tem um dever de diferenciação e obrigações específicas para garantir a promoção do saber, o realce dos valores da cidadania e a protecção da língua e da cultura portuguesas. Deve fazê-lo produzindo e divulgando programas culturais diversificados e de valor; e até o entretenimento deve ser de qualidade. Isto não se alcança só com um canal, um ou outro programa; tem de constituir a orientação geral e permanente.
Os programas da RTP1 habitualmente distinguem-se clara e positivamente dos difundidos pelos canais privados portugueses. Contribuem para mostrar a diversidade de Portugal, a sua valia natural, paisagística, ambiental, arquitectónica e artística. Ajudam a divulgar o património social, histórico, cultural e imaterial. Tudo isso contribui para uma cidadania responsável, activa na conservação dos valores naturais e dos edificados e na manutenção das artes e tradições marcantes e distintivas da cultura portuguesa. Em minha opinião habitualmente cumprem a lei.
“Cantares ao desafio” foi um dos bons exemplos, em meses de sucessivas apresentações, com duplas concorrentes do Continente, Madeira e Açores. Arte e tradição ancestrais, características poéticas e musicais muito distintas. Temáticas variadas e desafiadoras da admirável capacidade de improviso. Tudo propagado em Portugal e fora.
A dupla Vasco Daniel e Paulo Miranda foi a vencedora nacional, por mérito, com votos de todo o país. União de cantadores: um da Terceira, outro de S. Miguel; e destas ilhas também os dois tocadores. Vincaram a postura açoriana de respeito e sã convivência com todos os concorrentes, em muitas eliminatórias. E aproveitaram também para divulgar artigos de produção açoriana.
Na final mostrou-se uma variedade enorme de produtos de gastronomia e bebidas de todas as ilhas.
Uma vitória dos Açores.