Por Renato Moura
Presentemente constroem-se e divulgam-se previsões para tudo. Teoricamente a previsão seria uma acção para antever, ou calcular com antecedência, alguma coisa que ainda está para acontecer, e baseada em exames e estudos.
Há as previsões meteorológicas cada vez mais apoiadas em instrumentos e base científica, mas tantas vezes falham no fenómeno, como na sua intensidade, momento de ocorrência ou duração. São uma ajuda, mas quem as toma como certeza pode ser prejudicado. Há quem acredite cegamente nas previsões astrológicas, tantas vezes com influências prejudiciais graves nas suas opções. Há quem ganhe a vida a fazer previsões sobre o futuro de cada pessoa, em cada tempo, conforme o seu signo: e alguns a acreditar nisso piamente!
Também ainda se houve falar de previsões sobre sismos, apesar de não ter ainda sido descoberta cientificamente a forma de os prognosticar. Os menos jovens já ouviram pregar datas para o fim do mundo; e ainda a terra continua a resistir às atrocidades ambientais que lhe são infligidas. Agora, a propósito da Covid19, têm sido apregoadas as mais variadas previsões, por exemplo: sobre quando ocorreria o pico da doença, sobre quando estarão disponíveis vacinas e tratamentos, sobre uma eventual nova vaga e respectivas consequências. Como já se percebeu são todas contraditórias entre si, razão pela qual já se pode ter a certeza de não terem base científica.
Mas muitos acreditam em quanto lhes impingem, e vivem atormentados por isso.
E sabemos bem como falham as previsões eleitorais, ao ponto de alguns as tomarem como feitas a gosto do cliente e instrumento de campanha.
Outras previsões com as quais também somos permanentemente infernizados, são as de natureza económica. São as do FMI, do BCE, da UE, dos governos, do Conselho das Finanças Públicas e muito raramente alguma coincide com outra. E quem as faz e divulga está permanentemente a corrigi-las. Supostamente elas teriam sido calculadas com base em dados reais, mas esses dados, por sua vez, também em constante mutação, muitos deles também são futuros e por isso incertos. Tomem-se como meros instrumentos.
Mas há quem invista, ou desista de investir, com base nessas previsões, com prejuízos indesejáveis, sacrifícios penosos ou até desastrosos. No mínimo há quem se lastime e deprima a tomar como certas as previsões; apesar do tempo as corrigir em alta ou em baixa.
Se é certo que Portugal é o país onde mais se acredita nas notícias, era interessante fazer uma «previsão» sobre quantos os milhões vítimas das previsões.