Francisco é o primeiro papa a visitar o país
A próxima visita do Papa Francisco ao Iraque vai apoiar os cristãos e “incentivá-los a permanecer” no país, disse o patriarca da igreja caldeia no Iraque.
“O Papa vai dirigir uma mensagem de solidariedade aos iraquianos sobre fraternidade, coexistência e rejeição ao ódio e à violência”, disse o cardeal Louis Raphael Sako em conferência de imprensa dois dias antes da chegada do pontífice para uma visita que durará até segunda-feira.
O cardeal expressou esperança de que a viagem de Francisco ao país árabe ajude a confortar a minoria cristã que nele vive e que foi dizimada nos últimos anos pela violência após a invasão dos Estados Unidos e pelo terror gerado pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
Louis Raphael Sako destacou as visitas do pontífice à Catedral de Nossa Senhora da Salvação em Bagdade, onde um ataque em 2010 deixou mais de 50 mortos entre a comunidade siríaco-católica.
Segundo o cardeal há uma grande satisfação em todo o Iraque com a viagem de Francisco, tendo sido realizados todos preparativos para a visita, incluindo no que respeita à medidas de segurança.
A presença do Papa no domingo em Mossul, capital da província de Nínive, onde se encontrará com vários cristãos e muçulmanos iraquianos, mostrará ao mundo a magnitude da devastação nesta região provocada pelo terrorismo jihadista, afirmou o patriarca.
Mossul foi considerada a capital do Estado Islâmico quando ocupou grandes áreas do Iraque de 2014 a 2017 tendo sido dessa cidade, uma das maiores do Iraque, que o “califa” Abu Bakr al Baghdadi, assassinado em outubro de 2019, proclamou o califado.
Francisco visita o Iraque entre 05 e 8 de março, sendo esta a primeira de um Papa a um país muçulmano de maioria xiita.
A comunidade caldeia (rito oriental da Igreja Católica) no Iraque reza na mesma língua de Jesus, o aramaico, e sobrevive há cerca de 2.000 anos sem nunca ter tido um rei ou um império cristão no território.
A agenda papal inclui encontros com a comunidade católica, que tem 590 mil pessoas, cerca de 1,5% da população iraquiana, além de cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas, líderes políticos e o grande aiatola Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país.
O Papa vai passar por Bagdade; Najaf; Ur, a terra natal do patriarca Abraão, figura de referência para judeus, cristãos e muçulmanos; Erbil, capital do Curdistão iraquiano; Mossul e Qaraqosh.
Segundo a agência ecclesia, em 2003 havia cerca de 1,4 milhões de cristãos no Iraque, mas estima-se que hoje sejam cerca de 250 mil, uma diminuição de mais de 80% em menos de duas décadas.
Antes do exílio, a maioria dos cristãos estava na província de Nínive, cuja capital é Mossul.
(Com Lusa)