Por Renato Moura
A Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” do Santo Padre, ainda que numa primeira leitura, permite ver as virtudes exemplares do Papa Francisco. Mas como o documento não se dirige apenas aos bispos, presbíteros, diáconos e pessoas consagradas, mas também a todos os fiéis leigos, cada um de nós tem o direito e o dever de interpretar os ensinamentos e de recolher, em nosso proveito, as mensagens de esperança e de misericórdia que ele, em nome de Deus, nos deixou.
A importância e profundidade dos temas aconselharam-me a fugir de escrever análise apressada, para não correr o risco que alguns consagrados não evitaram, de imediatamente procurar concluir, porventura não o que o Papa quis ensinar e recomendar, mas o que provavelmente eles esperavam ou gostariam que a Exortação ordenasse.
Encontrar exemplos virtuosos no Papa não surpreende. Mas há outras atitudes que são exemplos de virtude.
O discurso que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa proferiu no Parlamento Europeu é um deles, pois serviu nomeadamente para elevar Portugal e reafirmar que o País tem direito de escolher os seus próprios caminhos para atingir os objectivos. As demais atitudes que o Presidente tem tido, relativamente à maioria construída na Assembleia para suporte do Governo e o apoio que tem manifestado às políticas governamentais, são importantes para a estabilidade e o sucesso de Portugal.
Independentemente do que possa acontecer no futuro, as actuais tomadas de posição do Presidente têm de ser consideradas virtuosas e em nome de Portugal, sendo mais surpreendentes por Marcelo provir de uma área ideológica diversa.
Num âmbito bem distinto, atente-se no Benfica actual. Começou a época desportiva por baixo e com poucos a acreditar no respectivo sucesso. Tem patenteado o exemplo de intenso trabalho e muita modéstia. Demonstrado como é possível melhorar passo a passo. Que não há insubstituíveis, que o mais importante é o colectivo. Dirigentes e técnicos a fugir da arrogância e a partilhar o sucesso com os adeptos. Mesmo quando se está na frente, não humilhar os que ultrapassamos. Não cair na tentação fácil de responder com ofensa aos que nos ofenderam. Ter esperança que o dinheiro não faz tudo. Humildade e crença que mesmo perante o investimento de milhões dos alemãs, podemos sair-nos com dignidade e afirmar Portugal.
Por mais estranho que possa parecer e sob risco de se considerar que se misturaram alhos com bugalhos, na verdade o que se demonstra é que, em qualquer função, se podem praticar virtudes exemplares.