Vinho Lajido já está disponível para as missas açorianas

O lançamento ocorreu esta manhã na Adega Vitivinícola do Pico que se comprometeu a fazer chegar ao Vaticano duas caixas do Vinho de Missa com marca Açores.

Pela primeira vez na história da Diocese de Angra o vinho que vai ser servido na sagrada eucaristia, nas paróquias açorianas, de Santa Maria ao Corvo, com qualidade certificada de acordo com os preceitos canónicos em vigor, é produzido na região e tem a marca Açores.

 

O Lajido Reserva 2004, cujo lote composto por 3000 garrafas foi adquirido à Adega Cooperativa Vitivinícola do Pico por Decreto Episcopal, assinado por D. António de Sousa Braga, foi lançado esta manhã na adega da Cooperativa, numa cerimónia que contou com a presença das autoridades eclesiásticas, dirigentes e sócios da cooperativa e figuras de relevo na história e na vida pública da ilha montanha.

Lançamento do Lajido Reserva 2004

 

Na ocasião o Vigário Geral da Diocese, Pe Hélder Fonseca Mendes, formulou o desejo de que este vinho pudesse chegar ao Vaticano a tempo de poder servir, em março próximo, nas celebrações do primeiro aniversário da nomeação do Papa Francisco ao que os dirigentes da Cooperativa responderam positivamente, garantindo que, deste lote, iriam ser enviadas para Roma duas caixas com vinho de missa do Pico.

 

Hélder Fonseca Mendes falou da necessidade inicial que houve de cada terra produzir o seu próprio vinho para as celebrações eucarísticas, de modo que não podia haver uma qualidade uniforme do produto usado.

 

Lembrou várias passagens bíblicas que referem a videira e o vinho como imagens inseridas nos próprios evangelhos e evocou o conhecido milagre da transformação da água em vinho nas bodas de Canaa e da última ceia de Cristo em que, sendo o vinho usado como produto contagiante de alegria, vida e convívio, se tornou, a partir de então, elemento fundamental do sacramento da Eucaristia.

 

“Se estamos a fazer com os elementos da terra aquilo que o próprio Jesus nos mandou fazer, devemos procurar escolher o melhor e mais genuíno e verdadeiro para uso no culto divino. Daí que o vinho “Lajido” tenha sido o eleito, depois de analisado e apreciado por reconhecidos especialistas. Agora o vinho de missa é um produto de qualidade uniformizada em todas as paróquias da diocese de Angra”, concluiu.

 

Na cerimónia o primeiro a usar da palavra foi Manuel Serpa, ex deputado e um dos confrades da Confraria do Vinho do Pico, que fez um resumo histórico da vinha e do vinho do Pico desde os primórdios do povoamento da ilha.

 

Manuel Serpa relacionou os elementos fundamentais da ilha, a começar pela pedra, com evocações bíblicas determinantes como a “pedra angular em que o próprio Cristo constituiu Pedro, sobre o qual se edificou toda a Igreja; a mesma pedra lávica da ilha que se transformaria em pedra de altar no qual se desenvolveria o ritual eucarístico que continua a celebrar o milagre da transformação do vinho”.

 

Manuel Serpa evocou Frei Pedro Gigante, o primeiro clérigo da ilha do Pico e introdutor das cepas de verdelho produtoras de “bons vinhos como este que passa a ser servido nos altares das nossas igrejas” e relacionou o “trabalho árduo” dos picarotos na produção vitivinícola com os conhecimentos dos religiosos conventuais que souberam elaborar o “precioso néctar dos deuses, agora elevado a néctar para Deus e, segundo a nossa fé, transformado no próprio sangue de Jesus Cristo”.

 

E, depois de referir praticamente todas as influências históricas que se registaram nas ilhas a partir do vinho do Pico, Manuel Serpa terminou concluindo que “nenhum outro vinho merece, mais do que este, o altar do Sacrífico porque nenhum outro é resultado de tanto sacrifício humano”.

 

 

Seguidamente o Ouvidor da ilha do Pico, Pe Marco Martinho,  leu o decreto episcopal, único em toda a história da diocese de Angra, que estabelece esta aquisição de um lote de 3000 garrafas da reserva de 2004, ano em que a paisagem da vinha do Pico foi classificada como Património Cultural da Humanidade, para serviço eucarístico em todas as paróquias açorianas. A determinação de D. António de Sousa Braga vigora desde o dia 1 de Janeiro corrente.

 

 

Ernesto Ferreira, presidente da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, agradeceu à Diocese a escolha do vinho Lajido para vinho de missa, ao mesmo tempo que se comprometeu a “manter a melhor qualidade do produto na prestação deste serviço”.

 

 

O responsável pela cooperativa lembrou, ainda, momentos históricos da vida da cooperativa inserida na paisagem lávica da Fronteira que, para além da vinha, pouco mais produzia.

 

 

E, defendeu, a “existência e atividade da unidade vinícola e seus cooperantes como base fundamental na reconversão das vinhas, apuramento da qualidade dos vinhos atuais e eleição da própria paisagem vitivinícola a nível mundial”.

 

 

A cerimónia terminou com um Pico de honra servido a todos os presentes que manifestaram satisfação por este “grande milagre da pedra estéril”, da qual se fez vinho de “boa qualidade que se transformará, a partir de agora no sangue salvífico do próprio Cristo todas as vezes que, num templo açoriano, se repita o milagre da Eucaristia”.

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