Cardeal e responsáveis de várias igrejas anteciparam celebração desta sexta-feira
O cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé), destacou hoje a importância da vigília ecuménica que esta sexta-feira vai reunir os participantes na XVI Assembleia Geral do Sínodo.
“A vigília ecuménica, à qual se juntarão muitas celebrações locais em todos os continentes, tem lugar a 11 de outubro, aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, que marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecuménico”, indicou o colaborador do Papa, durante o briefing diário dedicado aos trabalhos da segunda sessão sinodal, que decorre até 27 de outubro.
O cardeal evocou ainda o 70º aniversário da publicação constituição conciliar ‘Lumen Gentium’ e do decreto ‘Unitatis Redintegratio’, “dois documentos fundamentais para o compromisso ecuménico da Igreja Católica” e que vão servir de base para a vigília.
Esta oração, das 19h00 às 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa), foi organizada conjuntamente pela Secretaria-Geral do Sínodo e pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em colaboração com a comunidade de Taizé, decorrendo na Praça dos Mártires Romanos, onde, segundo a tradição, foi morto o apóstolo Pedro.
A Rede Sinodal em Portugal junta-se à Rede Mundial de Oração do Papa para esta “oração ecuménica pela paz”, na sexta-feira.
Após a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo, em outubro de 2023, o Papa decidiu aumentar o número de “delegados fraternos”, 16 representantes de Igrejas e comunidades cristãs.
A sessão do último ano foi precedida pela vigília de oração ecuménica “Together” (Juntos), realizada a 30 de setembro
A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.
A eles somam-se, sem direito a voto, os 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.
A conferência de imprensa desta tarde contou com a presença do metropolita Job (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla), co-presidente da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodox, para quem o “caminho sinodal” um sinal visto como algo “muito bonito” e uma consequência do Concílio Vaticano II (1962-1965).
O responsável aludiu ao debate teológico de várias décadas sobre a relação entre o primado do Papa e a sinodalidade,
A 13 de junho, o Vaticano publicou o documento intitulado ‘O Bispo de Roma’, que apresenta uma reflexão sobre a jurisdição do Papa, a nível ecuménico, sublinhando necessidade de superar divisões.
Martin Warner, bispo de Chichester, co-presidente do Comité Anglo-Galês Anglicano-Romano Católico (Comunhão Anglicana), falou aos jornalistas da “grande importância da dimensão relacional”, no Sínodo.
O responsável anglicano elogiou a criação de um “espaço seguro protegido” para responder com “criatividade” aos desafios que se colocam à Igreja Católica, com “a dimensão de oração e silêncio”.
Anne-Cathy Graber, secretária para as relações ecuménicas da Conferência Mundial Menonita, saudou o convite a uma comunidade minoritária, considerando que essa é uma dimensão da sinodalidade.
“Cada voz conta, cada voz conta”, indicou.
A responsável destacou a necessidade de “gestos simbólicos, visíveis” de reconciliação entre Igrejas e comunidades cristãs.
Os responsáveis foram questionados sobre o impacto da guerra na Ucrânia nas relações ecuménicas, face ao apoio do Patriarcado de Moscovo à invasão russa.
“É uma situação muito triste”, lamentou o cardeal Koch.
O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
(Com Ecclesia)