Nova carta enviada ao clero pelo cónego Adriano Borges reforça necessidade da Igreja não criar condições para ajuntamentos posteriores. Em causa estão batizados, casamentos e comunhões
Face ao agravamento da situação pandémica na ilha de São Miguel e à decisão do Governo Regional ter declarado a ilha como zona de alto risco, o Vigário Episcopal da Vigaria Nascente acaba de enviar uma carta a todo o clero a insistir no cancelamento de todas as celebrações religiosas.
“A situação na nossa Ilha de São Miguel é deveras preocupante, facto que levou o Conselho de Governo a considera-la, no seu todo como de Alto Risco” escreve o cónego Adriano Borges na carta que enviou hoje ao clero da ilha.
“À semelhança da semana transata, insisto que é do meu entender que devemos suspender todas as celebrações na nossa Ilha, até novas orientações” refere o sacerdote no contexto das novas orientações da Direção Regional de Saúde que recomenda o cancelamento “de todo o tipo de eventos que impliquem ajuntamentos, mesmo que posteriores, no nosso caso serão os Batizados, Comunhões e Casamentos”, nas próximas três semanas.
A semana passada as Ouvidorias do Nordeste e de Vila Franca cancelaram as suas Celebrações, por serem Concelhos de Alto Risco.
“Se foi esta a decisão para estas duas Ouvidorias, e agora estendendo-se o Alto Risco para toda a Ilha, faz todo o sentido que todas as Celebrações sejam canceladas”, relembra o Vigário Episcopal na segunda carta que escreve ao clero.
Apenas os Funerais serão realizados (para familiares muito próximos e com Celebração da Palavra)
“Caso achem que seja imperioso Celebrar, pelo menos cancelem as Celebrações Vespertinas, acho no mínimo ser uma forma de estarmos em sintonia com o recolher obrigatório ao fim de semana (15H00), a que todos estamos sujeitos” apela o sacerdote numa atitude de responsabilidade tendo em conta a situação sanitária na ilha.
Quatro dos seis concelhos da ilha de São Miguel (Vila Franca do Campo, Nordeste, Ribeira Grande e Lagoa) tiveram mais de 100 novos casos de infeção pelo novo coronavírus por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, passando ao nível de alto risco de transmissão, a partir das 00:00 de sexta-feira.
Os restantes dois concelhos (Ponta Delgada e Povoação) ficarão igualmente sujeitos às medidas de alto risco, tendo em conta que mais de 50% dos concelhos da ilha estão em alto risco.
Além das medidas previstas neste nível de risco, como a proibição de circulação em determinadas horas, o encerramento de restaurantes e cafés e a determinação de ensino à distância, o executivo decidiu “dar orientações para inexistência de eventos que promovam ajuntamentos e aglomerados”.
“É uma restrição que implica que no prazo aproximado de três semanas não deverão existir em São Miguel eventos de qualquer natureza que promovam ajuntamentos e aglomerados”, salientou Clélio Meneses, secretário Regional da Saúde.