Vigário Episcopal para a zona nascente defende menos legalismo da igreja em matérias da pastoral familiar

Sacerdote pregou 5º dia da Novena dos Espinhos em São Miguel

O modelo de família proposto pela igreja é válido e deve continuar a ser uma prioridade mas seria bom que as novas realidades familiares fossem atendidas sem excesso de legalismo, defendeu o Vigário Episcopal para a zona nascente, Cónego Adriano Borges.

O sacerdote pregou o quinto dia da Novena dos Espinhos, uma das iniciativas do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, durante o período da Quaresma, do qual é reitor e que este ano, pela primeira vez, reúne os oito ouvidores de São Miguel nas pregações.

“Preparar o Sínodo dos jovens e aplicar o da Família” é um dos desafios lançados aos sacerdotes, que são convidados a falar sobre os jovens, a família e a igreja nos nossos dias.

“A igreja não pode nem deve ir ao ritmo das modas, mas também não deve ser legalista ao ponto de condenar em vez de acolher” afirma o sacerdote, que é organizador da iniciativa que tem por base a exortação pós sinodal Amoris Laetitia e o documento preparatório do Sínodo sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

O cónego Adriano Borges vai mesmo mais longe lembrando, a propósito das questões fraturantes levantadas pelo documento papal como seja o acesso aos sacramentos por parte dos recasados e o seu acompanhamento, “que as conceções fechadas afastam as pessoas” e a igreja “deve ser menos legalista e mais mãe”.

“O Direito Canónico é importante mas só se atender à vida concreta das pessoas e hoje a vida concreta das pessoas é muito diferente do que era no passado”, refere sublinhando que a igreja “tem de descer à terra”.

O sacerdote lembra que o matrimónio é um sacramento indissolúvel e o modelo de família proposto pela igreja não pode ser posto de parte. No entanto, “há que atender a uma nova realidade” e essa atenção passará “por uma atitude de acolhimento e de misericórdia perante feridas que já doem o suficiente” e às quais a igreja “não pode virar as costas”.

“Uma queda na família é sempre um enorme sofrimento, em todas as circunstancias e a este sofrimento a igreja tem de responder como uma mãe, acolhendo e procurando entender”.

O reitor do Santuário do Santo Cristo centrou a sua pregação no tema “Como aplicar o Sínodo da Família com “Amoris Laetitia” no nosso meio. Realidade e desafios actuais”.

A Novena dos Espinhos é uma das três festas que marcam o ritmo celebrativo no Santuário, juntamente com a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres no quinto domingo a seguir à Páscoa e a festa do Cristo Rei, no último domingo antes do Advento.

Começou na passada quarta feira e termina no dia 2 de março.

O inicio foi assegurado pelo ouvidor eclesiástico de Vila Franca do campo, Pe. José Borges, sobre “O Santuário lugar de acolhimento e de reconciliação para os jovens e para as famílias”.

O sacerdote, que é pároco da igreja Matriz da antiga capital da ilha, lembrou que a Quaresma é um tempo especial de penitência e oração e hoje os cristãos devem  questionar-se sobre a vida, pondo de lado o que não interessa.

“O que tens na tua vida e não queres e o que queres na tua vida e não tens… esta deve ser a questão que cada um de nós deve colocar para sairmos do sofrimento em que muitas vezes nos encontramos”, disse o Pe. José Borges.

Prosseguiu na quinta-feira com o ouvidor eclesiástico das Capelas, Pe. Hélio Soares, sobre  “Um Sínodo sobre os jovens: Porquê e para quê? – Para tratar o tema: os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

O sacerdote centrou a sua pregação na questão da transmissão da fé aos jovens e desafiou os cristãos a serem capazes de encontrar formas inovadoras de os interpelar.

“O jovem é chamado a vários papeis e, à luz da fé, os mais novos deparam-se com muitas interpelações. Aos cristãos, sobretudo à família, cabe o papel de os orientar e ajudar no discernimento” referiu o sacerdote.

“O mundo transforma-se rapidamente. Há problemáticas transversais a vários sectores. E, a nossa responsabilidade é ler a realidade à luz da fé dando ferramentas aos jovens para uma interpretação da realidade aos olhos da fé” acrescentou ainda.

“Precisamos de ensinar a escutar a palavra de Deus, é através desta palavra que conseguimos luz para interpretar o mundo” propondo como metodologia o desafio feito pelo Papa Francisco de “reconhecimento” dos problemas; “interpretação” da realidade e “capacidade de escolha”.

Na sexta feira, dia 23 de Fevereiro, foi a vez do ouvidor da Ribeira Grande, Pe. Vitor Medeiros que pregou sobre como “Caminhar com os jovens hoje”.

O sacerdote desafiou os cristãos a serem “inovadores” na forma como abordam os jovens e transmitem o legado da fé. O Pe. Vitor Medeiros sublinhou o papel da igreja, que tem como principal missão fazer-se próxima de quem mais precisa e os jovens, neste momento, precisam da igreja e de quem os motive e acompanhe no seu discernimento e na sua caminhada.

“A missão da igreja é promover o discernimento e o acompanhamento de quem precisa. Temos de nos fazer próximos e tentar compreender essa as pessoas, o que as move, transformando cada obstáculo numa oportunidade” referiu.

“No fundo é um regresso a Jesus que nos convida a aproximar dos homens e das mulheres do nosso tempo”, concluiu.

No sábado, o pregador foi  o ouvidor de Ponta Delgada que abordou o tema “Os jovens cristãos hoje e no nosso meio: nas Famílias, nas Escolas, nas Paróquias e no Santuário”.

O cónego José Medeiros Constância pediu aos cristãos que conheçam a realidade concreta dos jovens e as suas problemáticas- Quem são, o que querem, que problemas enfrentam, como se relacionam uns com os outros, como vivem a família e em família- e, depois, definam estratégias para os envolver, dando-lhes protagonismo.

“Nós somos a igreja de Cristo, que segue os seus passos e que ama como Cristo. Olhando a juventude e a problemática dos jovens percebemos que existem muitos problemas, como a droga, o alcoolismo, a incapacidade para o compromisso” referiu o sacerdote lembrando que depois do diagnóstico é que vêm as estratégias, sempre assentes “na misericórdia e no perdão”.

Esta segunda feira será a vez do o ouvidor eclesiástico da Povoação, Pe. Ricardo Pimentel, que falará sobre “A vocação da Família e o amor no matrimónio” e no dia 27, o ouvidor do Nordeste, Pe. Agostinho Lima, pregará sobre “O amor que se torna fecundo num tempo como o nosso de Inverno demográfico”. No dia 28 de fevereiro, o Pe. João Furtado, ouvidor da Lagoa, falará sobre o tema “Reforçar a educação dos filhos. Onde estão os filhos?” e, finalmente, no dia 1 de março, último dia da novena, o ouvidor eclesiástico dos Fenais de Vera Cruz, Pe. Carlos Simas, falará sobre “As situações difíceis dos casais e das famílias hoje. Acompanhar e discernir para integrar na comunidade cristã.

 

A festa termina no dia 2 de março.

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