As jornadas “Família vive a tua alegria da fé” leva também açorianos até ao túmulo de São Pedro.
Uma família açoriana, membro do Serviço Diocesano para a Pastoral Familiar e Apostolado dos Leigos, vai estar no próximo fim de semana em Roma para a grande peregrinação familiar mundial.
Integra a delegação portuguesa, presidida pelo Bispo de Portalegre e composta por mais duas famílias.
“Esta viagem é absolutamente nova e só faz sentido porque vamos em família e os miúdos podem testemunhar a fé através de uma vivência junto de outros que são como nós, pensam como nós e por isso vamos sentir-nos bem com certeza”, diz Sameiro Amaral Mesquita que parte na sexta feira para Roma com a Família.
Será um fim de semana “cheio e intenso” durante o qual serão recebidos pelo Santo Padre na tarde de Sábado e participarão na celebração eucarística de domingo.
Trata-se de uma iniciativa integrada no âmbito do Ano da Fé que convida todas as famílias a viverem-na com alegria.
“Ser e construir uma família é lindo e é isso que queremos gritar ao mundo. A família tem de voltar a ser o centro da cultura, da política, da economia, a finalidade da vida dos povos e das nações. Depois do Concílio, a família deve estrar cada vez mais no centro da atenção e da preocupação da Igreja” afirmou o Presidente do Conselho Pontifício da Família, o arcebispo Vincenzo Paglia.
Aliás a marcação de um Sínodo para daqui a um ano sobre a Família mostra bem a “urgência” que o tema merece e a importância que a igreja dá para o lançamento de uma “nova pastoral” da família.
A peregrinação do próximo fim de semana é o culminar das jornadas da Família que começam amanhã, com a XII assembleia plenária do Conselho Pontifício da Família.
Os temas apresentam uma abordagem interdisciplinar dos direitos da família: os fundamentos teológicos da carta, a conceção do matrimónio natural, o papel do Estado no reconhecimento do matrimónio como instituição e a atualidade da carta dos direitos da família na cultura e na sociedade.
Durante esta assembleia haverá ainda tempo para discutir o papel da mulher na família e os direitos da família nas perspetivas judaica e islâmica.
Em declarações à Agência Ecclesia, a vice-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Maria do Rosário Carneiro, afirmou que a Carta dos Direitos da Família, publicada no Vaticano há 30 anos, mantém “total atualidade” e “tarda em ser aplicada”, nomeadamente em Portugal.
A professora universitária considera que Portugal “nunca foi muito sensível à formulação de políticas amigáveis da família”, mesmo que o discurso político esteja “recheado” de preocupações e paixões pela Família.
Rosário Carneiro, mãe de nove filhos, afirma que a Carta dos Direitos da Família compromete também as próprias famílias, desafiando-as a atuar como parceiros e intervenientes junto dos poderes públicos.
“A Carta dos Direitos da Família é um apelo às famílias para tenham consciência daquilo que são, da importância que têm na sociedade e da importância que há em que elas se unam, para que funcionem e atuem como parceiros sociais que reivindiquem e que inspirem a organização da sociedade e os governantes a legislarem melhor”, afirma.
Para Maria Rosário Carneiro, o problema principal que afeta a vida familiar prende-se com a “formação” de cada pessoa na sociedade contemporânea, que não inclui a dimensão da relação e “não pode haver família se as pessoas não estão abertas à relação”.
A professora universitária defende a necessidade de debate dos “modelos educativos” em curso, propondo não apenas alterações para o “sistema educativo”, mas para toda a “sociedade educadora”, incluindo a dimensão da relação.
Para Rosário Carneiro é necessário “repensar o modelo que é proporcionado às crianças para que elas cresçam incorporando esta dimensão fundamental da relação, porque ela é determinante na nossa vida comum”.