Comunicado manifesta preocupações do Papa e da Santa Sé com a situação no país sul-americano
A Secretaria de Estado do Vaticano apelou hoje à suspensão da Assembleia Constituinte em curso na Venezuela, pedindo ao governo e oposição do país sul-americano “pleno respeito” pelos Direitos Humanos.
A nota oficial, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, defende que “se evitem ou suspendam as iniciativas em curso, como a nova Constituinte”, por considerar que “mais do que favorecer a reconciliação e a paz, fomentam um clima de tensão e confronto”.
A Santa Sé dirige-se a todos os atores políticos, em particular ao governo, exigindo que assegurem “o pleno respeito pelos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais, bem como da Constituição em vigor”.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou esta segunda-feira que mais de 8 milhões de pessoas (41,5% dos eleitores) votaram no domingo, nas eleições para a Assembleia Constituinte, promovida pelo presidente Nicolás Maduro e contestada pela oposição.
A Santa Sé “manifesta de novo a sua profunda preocupação pela radicalização e o agravamento da crise na República Bolivariana da Venezuela, pelo aumento do número de mortos, feridos e presos”.
Os protestos provocados pela crise social e política, com manifestações pró e anti-Maduro, provocaram pelo menos 120 mortos desde abril.
O comunicado do Vaticano refere que o Papa Francisco “segue de perto esta situação e as suas implicações humanas, sociais, políticas, económicas e inclusivamente espirituais” sobre o povo venezuelano.
A Secretaria do Estado sustenta a necessidade de criar condições para uma “solução negociada” que responda “ao grave sofrimento do povo”, que enfrenta dificuldades para “obter alimentos e medicamentos”, bem como a “falta de segurança”.
A nota deixa um apelo contra a violência, convidando em particular as forças de segurança a “abster-se do uso excessivo e desproporcional da força”.
O presidente Nicolás Maduro mostra-se firme na sua intenção de reformar a Constituição e acusa países estrangeiros, como os EUA, Colômbia e México, de promoverem um golpe na Venezuela.
A Conferência Episcopal considerou esta iniciativa do governo como “inconstitucional, desnecessária e prejudicial” para a população, considerando que a mesma só vai agravar os graves problemas “ da escassez de alimentos e medicamentos”, entre outros.
(Com Ecclesia)