O secretário de Estado do Vaticano condenou esta quarta-feira o bombardeamento a um hospital em Mariupol, onde estão localizadas maternidades e alas pediátricas, considerando-o “inaceitável”.
O cardeal Pietro Parolin falava aos jornalistas, após uma conferência em Roma, reafirmando que a Santa Sé está disposta a mediar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, se for chamada a fazê-lo.
Citado pelo portal de notícias ‘Vatican News’, o colaborador do Papa manifestou a sua preocupação por uma “guerra sem tréguas”, revelando que no telefonema de terça-feira com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, não obteve “nenhuma garantia” relativamente a corredores humanitários.
O responsável pela diplomacia do Vaticano disse ter pedido a Moscovo a suspensão do conflito e a consolidação das negociações,” colocando-se à disposição para mediar, se for considerado útil”.
D. Pietro Parolin destacou a presença de dois cardeais na Ucrânia, como enviados do Papa – o esmoler pontifício, D. Konrad Krajewski, e o prefeito interino do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, D. Michael Czerny.
“É um sinal de que o Papa quer o seu contributo, não apenas a um nível mais propriamente diplomático e espiritual, mas também ao nível da ajuda humanitária”, precisou.
O secretário de Estado do Vaticano foi questionado sobre as recentes palavras do patriarca ortodoxo de Moscovo, Cirilo, que legitimou a ofensiva de Putin, justificando-a como uma luta contra modelos de vida opostos ao Cristianismo.
Para o cardeal Parolin, “estas declarações não encorajam e não promovem um entendimento”.
“Pelo contrário, correm o risco de inflamar ainda mais os ânimos, levando a uma escalada que não resolverá a crise de modo pacífico”, assinalou.
Mais de metade dos 45 milhões de ucranianos fazem parte da Igreja Ortodoxa, onde também é visível o confronto entre Kiev e Moscovo, com a existência de dois patriarcados no território.
Em janeiro de 2019, Bartolomeu reconheceu nova Igreja na Ucrânia como “autocéfala” (independente), decisão rejeitada por Moscovo.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil, provocando a fuga de mais de 2 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo dados da ONU.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, destacou que “os civis estão a pagar o preço mais alto por uma guerra que não tem nada a ver com eles”.
“Esta violência sem sentido deve parar. Acabem com derramamento de sangue agora“, escreveu o responsável português, em mensagem publicada no Twitter.
(Com Ecclesia)