Pelo Pe. Hélder Miranda Alexandre
“Vocês, queridos jovens, não são o futuro mas o agora de Deus”
(Papa Francisco na JMJ do Panamá)
Aí está! Lisboa recebe as Jornadas Mundiais da Juventude no Verão de 2022. Vivemos de facto um hoje – Kairós -, cheio de oportunidades e graças! O momento ainda é de “ressaca”, de certa euforia. Serão cerca ou mais de um milhão de jovens, oriundos de todas as partes do mundo, especialmente lusófono e europeu, um evento sem precedentes para um país com a nossa dimensão. Para aqueles que anunciam uma Igreja velha e cristalizada, eis mais um argumento a favor da sua vitalidade!
O mais importante será preparar, motivar para o aprofundamento do sentido dos valores da fé cristã e fazer com que este acontecimento deixe marca na nossa juventude. Deus fala à Igreja e ao mundo por meio dos jovens, “lugares teológicos” onde o Senhor está presente. Portadora de uma santa inquietude que a torna dinâmica, a juventude pode estar “mais à frente dos pastores” e por isso deve ser acolhida, respeitada e acompanhada. Graças a ela, de fato, a Igreja pode renovar-se, sacudindo “o peso e a lentidão”. O último Sínodo chamou a atenção para o modelo de “Jesus jovem entre os jovens” e ao testemunho dos santos, entre os quais estão muitos jovens, profetas da mudança.
A presença da juventude na nossa Igreja ainda tem dados muito significativos. Não basta analisarmos somente a participação na Missa Dominical. A População dos Açores é mais jovem do que a média nacional, embora esteja a envelhecer e existam diferenças muito significativas entre as ilhas maiores e as menos populosas. O número de idosos por cada 100 jovens nos Açores passou de 60 para 84, entre 2001 e 2016. No entanto, o índice de envelhecimento em Portugal é de 149. Cerca de 95 % dos católicos açorianos ainda batizam os filhos. O processo de transmissão da fé, no âmbito da socialização primária, está intimamente associado ao batismo dos filhos e aos itinerários de educação religiosa. A participação na catequese da infância e adolescência supera 70%, embora o abandono aumente depois da Profissão de Fé, e, muito significativamente, depois do sacramento da Confirmação. Temos uma taxa de matrículas em EMRC próxima dos 60 %, apesar das diferenças entre escolas e Ilhas. Contamos com mais de 50 grupos de jovens no ativo e 80 agrupamentos do CNE com 3575 escuteiros. Os números são realmente significativos! É verdade que o abandono da Igreja tem aumentado, mas existe um potencial que nos enche de esperança. Por isso, o discurso tem de ser otimista, de esperança, nunca de pessimismo! Há que ter noção do que tem falhado, mas há que acreditar no que se pode fazer. A falta de esperança não é Evangelho! A JMJ Lisboa pode ser uma oportunidade para despertar corações adormecidos!
Depois do aparecimento de Cristo, algo novo aconteceu debaixo do sol. O amor que se entrega e é mais forte do que a morte, é realmente algo radicalmente novo debaixo do sol. Esse algo de novo originou um novo estilo de vida e uma nova doutrina, uma nova perspetiva e uma nova comunidade. Se essa comunidade for fiel a si mesma, nunca envelhecerá. Mas se as estruturas e os ritos apagarem a chama da caridade, essa comunidade converter-se-á num museu. Visitar um museu é algo recomendável, mas ninguém deseja viver num museu!