Um dos desafios do Ano da Vida Consagrada “é reler os carismas à luz dos tempos”

A opinião é do Pe Pedro Coutinho, o responsável pela CIRP em São Miguel

O responsável pala confederação dos Institutos Religiosos em Portugal, o denhinano Pe Pedro Coutinho, faz um balanço positivo do Ano da Vida Consagrada que está a terminar.

Em entrevista ao Sítio Igreja Açores, na semana do Consagrado, diz que para os religiosos o Ano da Vida Consagrada tem sido um tempo “de graça” e uma oportunidade de revitalização.

Graças ao desafio lançado pelo Papa Francisco, os institutos religiosos foram chamados a sair das zonas de conforto para viver com ardor os desafios da vida consagrada.

O Ano da Vida Consagrada foi anunciado pelo Papa argentino em novembro de 2013, no final de um encontro com 120 superiores gerais dos institutos religiosos masculinos.

Começou depois a 30 de novembro de 2014, desafiando os consagrados, religiosos e leigos consagrados a darem testemunho, a partir de diferentes carismas e espiritualidades, da sua ação em prol de uma sociedade mais justa e fraterna.

Para o Pe Pedro Coutinho o evento que termina a 2 de fevereiro foi também uma ocasião para aprofundar o lugar que a vida consagrada ocupa na Igreja Católica.

 

Sítio Igreja Açores- Estamos a chegar ao fim do Ano da Vida Consagrada. Foram desenvolvidas várias atividades. Que balanço faz deste ano em termos gerais?

Pe Pedro Coutinho- Foi um ano muito positivo. Deu-nos alento num ambiente de perda de velocidade e de um certo desencanto. Mostrou-nos que ainda temos uma missão na Igreja e no mundo e que devemos continuar a viver apaixonados por Cristo em todas as idades e circunstâncias. É importante dizer ao mundo que a missão da vida consagrada continua.

 

Sítio Igreja Açores-  Foi um ano de Graça em que os religiosos também foram, desafiados a sair da sua zona de conforto, expondo-se mais. Que frutos deu esse esforço?

Pe Pedro Coutinho- Durante este ano nós semeámos caridade, serviço e vida que se entrega. Os frutos virão depois. O certo é que muitos jovens puderam falar com os religiosos e conhecer melhor a sua vida. Deus sabe os frutos que virão. Sentimos o conforto de saber que Deus continua a contar connosco e que a vida consagrada é querida por Deus.

 

Sítio Igreja Açores-  Nos Açores, tal como no resto do país há de facto um decréscimo significativo de entradas na vida religiosa. Da experiência deste ano, e tendo em conta que há falhas na pastoral vocacional seja ao nível diocesano seja ao nível das próprias congregações, até pela insuficiência de meios, como se poderá ultrapassar este constrangimento?

 

Pe Pedro Coutinho– Querer é poder. Temos de traçar objetivos e de unir vontades. Não há que apagar a chama, mesmo se somos menos, mesmo se os jovens e as crianças são menos. Sobretudo nós não podemos desistir.

 

Sítio Igreja Açores-  Que lições há a tirar deste ano?

Pe Pedro Coutinho- Há que pensar na beleza da vida consagrada. Muito mais bela porque rara e preciosa. Ela tem o seu valor único na igreja. Nas suas novas formas, ela exprime facetas maravilhosas da vida cristã. No seu radicalismo, a profissão dos conselhos evangélicos é uma expressão maravilhosa do Espírito Santo nos batizados. Os frutos de consagração e da vida entregue vivida em comunidade ou em comunhão, quando autênticos, são diamantes da coroa. Os religiosos puderam pensar nisto. Fomos todos valorizados na nossa identidade e na nossa missão. Finalmente os nossos carismas precisam de ser relidos à luz dos tempos. Eis um desafio.

 

Sítio Igreja Açores- Vai haver alguma celebração concreta na diocese para assinalar o fim do ano da vida consagrada?

Pe Pedro Coutinho- Em S. Miguel vamos celebrar a conclusão do Ano da Vida Consagrada com a celebração no dia 2 de Fevereiro. Este evento coincide com a conclusão da visita da Imagem Peregrina a S. Miguel. É um momento feliz para agradecer a Deus o dom da vida consagrada com Maria a mulher do Sim.

 

 

 

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