Um Bispo “próximo” que “cheira às ovelhas”

 

Foto: Agência Ecclesia/HM

Um ano depois do início do ministério episcopal em Angra, D. Armando Esteves Domingues é visto como um bispo que “trouxe alegria à diocese” mas também “encontrou resistências”

Os açorianos receberam D. Armando Esteves Domingues há um ano com um entusiasmo pouco comum e fizeram uma festa que juntou praticamente todo o clero das ilhas e o episcopado da Igreja portuguesa para além das autoridades civis, militares bem como dos movimentos laicais da igreja nos Açores e fora deles.

Quase um ano e meio de sede vacante, associada ao que se ia ouvindo sobre o 40º bispo de Angra, determinou uma sede que rapidamente se transformou numa simpatia que ainda hoje, volvidos 12 meses, se mantém.

“A entrada dele, acompanhada por tantos bispos pareceu-me ser sinal de uma coisa que ainda hoje não consigo ler; a Igreja em peso veio demonstrar a sua solidariedade e amizade. Não é claramente um bispo normal” refere o presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz. Maduro Dias refere que já deu provas de que ”as coisas não são para ficar como estavam e não são diferentes só por que sim; ele está completamente em linha com o Papa e isso tem sido muito bom”. E, acrescenta: “vários jornalistas tradicionais fazem perguntas e ele responde noutro comprimento de onda, não porque fuja à pergunta mas porque a resposta é sempre ao contrário do que estamos à espera e  obriga-nos a refletir e a pensar de outra maneira”.

E, que maneira é essa?

“D. Armando tem uma visão de ser Bispo com uma natureza sacerdotal de pároco, de grande proximidade e com sentido de comunidade muito interiorizado” responde Piedade Lalanda, diretora do Serviço da Pastoral Social.

“A ideia de uma Igreja aberta e essa vontade de ter sempre presente a voz dos membros da comunidade nas diferentes paróquias, é algo transformador e dá uma perspetiva de futuro que me parece adequada aos tempos que estamos a viver”, adianta a socióloga.

“A Igreja tem de dizer alguma coisa a este mundo e tem, sobretudo de estar atenta ao que ele pede. D. Armando tem essa noção de Igreja, mesmo que seja um projecto de longo alcance, difícil de concretizar e nem sempre compreendido o que por vezes compromete a adesão de todos, como ele precisaria”.

“É uma diocese com realidades diversas, e muitas dificuldades;  é notório o esforço que faz para entender  e atender a estas realidades” salienta, por sua vez, Renato Moura, membro do Conselho Pastoral Diocesano e colaborador do Sítio Igreja Açores.

“A coragem para mudar de forma significativa mexendo o que há muito tempo estava instalado, a abertura de  novos desafios, traçando um rumo… Nota-se, de facto, que há objetivos e metas”, refere ainda  destacando o esforço “de criação de unidade”, não só do bispo mas da equipa por si escolhida.

“Logicamente que conta com resistências do clero e dos leigos” diz, ainda, destacando que a caminhada sinodal até agora desenvolvida está “muito incompleta no diagnóstico” que faz à Igreja.

Por isso,  “a preocupação e o sinal de se querer auscultar as bases ou os irmãos que estão mais afastados é excelente, ara conhecer a situação  agilizar, descomplicar e desburocratizar”.

“Há muitos sinais nos Açores  que necessitam de uma voz profética, que precisam de evangelho e a igreja tem de ser isso e D. Armando já deu sinais de que quer uma Igreja assim”.

“Uma igreja aberta, inclusiva e participada, onde todos são chamados.: clero, consagrador e leigos ,somos todos chamados a fazer caminho lado a lado, escutando os desafios de cada um e as opiniões de cada um, considerando-as todas em igual plano” refere, por seu lado, Anita Dias, membro do Casal diretor da pastoral da Família.

“Estamos a ser desafiados a fazer caminho, sem importar o ritmo. Uma igreja de esperança em que o testemunho de Cristo é feito com alegria”.

E, foi essa alegria que o presidente do Movimentos dos Romeiros de São Miguel encontrou desde a primeira hora, com a chegada de D. Armando Esteves.

“Trouxe-nos muita alegria e muita esperança, um sentimento de renovação muito grande tendo feito mudanças consideráveis na organização da nossa igreja. Agora, sinto-o um pouco cansado… Poderá ter sido exagerada a sua dedicação; é  preciso um ponto de equilíbrio” adiantou em declarações ao Sítio Igreja Açores.

Armando Esteves Domingues, é o 40º bispo de Angra. Natural de Oleiros, no distrito de Castelo Branco, é o oitavo de 11 irmãos, foi ordenado padre em janeiro de 1982 e bispo em dezembro de 2018. Antes de ser bispo de Angra foi bispo-auxiliar do Porto.

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