O Papa reforçou hoje os seus apelos ao fim da guerra na Ucrânia, evocando as imagens de morte e destruição no país, alertando que ninguém vai sair vencedor deste conflito.
“Peçamos ao Senhor da vida que nos liberte desta morte da guerra. Com a guerra tudo se perde, tudo: não há vitória numa guerra, tudo é derrota”, disse, no final da audiência pública semanal que decorreu no Auditório Paulo VI, do Vaticano.
“Que o Senhor envie o seu Espírito para que nos faça entender que a guerra é uma derrota para a humanidade”, acrescentou.
Francisco questionou a necessidade de “derrotar”, fazendo a guerra, advertindo que esta opção leva à “autodestruição”.
A intervenção começou por pedir aos peregrinos de vários países, incluindo Portugal, “um minuto para recordar as vítimas da guerra”
“As notícias das pessoas desalojadas, das pessoas em fuga, das pessoas mortas, feridas, de tantos soldados caídos, de uma parte e outra, são notícias de morte”, lamentou o Papa.
Rezemos para que os governantes percebam que comprar e fazer armas não é a solução para os problemas. A solução é trabalhar juntos pela paz e, como diz a Bíblia, transformar as armas em instrumentos para a paz”
Os participantes na audiência geral rezaram uma Ave-Maria, com o Papa, pelas vítimas da guerra.
Francisco dirigiu-se depois aos peregrinos de língua portuguesa.
“Convido-vos a unir-vos a mim e aos meus irmãos bispos no Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria, no próximo dia 25 de março, pedindo confiadamente ao Senhor, pela intercessão da Senhora de Fátima, o dom da paz”, declarou.
Já na saudação aos peregrinos polacos, o Papa destacou o acolhimento dos peregrinos ucranianos e a importância da oração, perante a guerra.
“Enquanto nos preparamos para viver um dia especial de oração na solenidade da Anunciação do Senhor, pedimos que a Mãe de Deus alivie os corações dos nossos irmãos e irmãs afligidos pela crueldade da guerra. Que o Ato de Consagração dos povos ao seu Imaculado Coração traga paz ao mundo inteiro”, disse.
Durante a catequese, Francisco falou da importância de recordar os testemunhos de vida dos mais velhos, que viveram outras guerras.
“Aprendi o ódio e a raiva da guerra com o meu avô que havia feito a (batalha do Rio) Piave, em 14 (1914). Ele transmitiu-me essa raiva da guerra, porque me contou sobre os seus sofrimentos. E isso não se aprende nem nos livros nem em qualquer outro… aprende-se assim, passando dos avós para os netos”, referiu o Papa, descendente de imigrantes italianos na Argentina.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, que já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas, que aponta para mais de 3,5 milhões de refugiados.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária na Ucrânia.
(Com Ecclesia)