“Tudo farei para ter no meu coração cada mulher ou homem do nosso belo arquipélago dos Açores (…) Como guião, levo o Evangelho para ler Cristo, todos os dias”

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Novo bispo de Angra dirige-se aos açorianos saudando-os de Santa Maria ao Corvo e deixa mensagem de esperança, de serviço e de pertença: “Como não conheço a diocese, o primeiro desafio será conhecer-vos e dar-me a conhecer. Não se caminha com quem não se conhece”.

D. Armando Esteves Domingues, nomeado esta sexta-feira bispo de Angra, recebeu a nomeação do Papa Francisco com “entusiasmo” e promete “servir” a diocese sem “um plano preconcebido nem soluções mágicas”, mas caminhando com todos, afirma na primeira Mensagem dirigida a todos os diocesanos insulares e enviada ao sítio Igreja Açores.

“Vivo esta nomeação para servir o povo dos Açores em forma de agradecimento” refere, acrescentando que ao saber da notícia da nomeação para Bispo de Angra sentiu no “coração três palavras: saudação, agradecimento e esperança”. E deixa uma promessa: “tudo farei para ter no meu coração cada mulher ou homem do nosso belo arquipélago dos Açores, independentemente da sua crença religiosa, da sua forma de expressar a fé, da sua concordância ou não comigo. A todos envio uma saudação fraterna. Como sou membro de uma família numerosa, há sempre lugar para muitos mais…”

Na mensagem dirige-se a todos os açorianos- clero, religiosos, leigos, dirigentes políticos e associativos, “a todas as famílias, aos doentes, às crianças, aos jovens e sobretudo os mais frágeis dos Açores com as suas 9 ilhas, todas ricas de cultura e de património, de história e tradições” – e afirma já se sentir parte desta “família”.

“Angra é já para mim a mais bonita de todas as dioceses do mundo, pela sua natureza de uma beleza ímpar, mas também pelas pessoas, porque já são “minha gente”, “minha família”!”, refere com um compromisso: “Teremos tempo para nos conhecermos melhor. Pessoalmente, estou com o mesmo entusiasmo de sempre”

O novo prelado, que será o 40º bispo de Angra e o segundo natural do distrito de Castelo Branco (o 37º bispo de Angra, D. Aurélio Granada Escudeiro também era natural deste distrito beirão) adianta que não carrega na bagagem planos pré feitos e deseja caminhar com todos.

“Como não conheço a diocese, o primeiro desafio será conhecer-vos e dar-me a conhecer. Não se caminha com quem não se conhece. Vamos conhecer-nos “no caminho” das diversas realidades que tendes, a começar pelo presbitério, continuando com os consagrados (leigos e religiosos), os detentores de ministérios não ordenados, dirigentes e membros dos movimentos eclesiais, responsáveis, coordenadores e todos os empenhados nas várias áreas da pastoral”, afirma.

“Que cada um se sinta desafiado a dar o melhor de si mesmo e a ajudar a “tirar do outro com quem se caminha” o melhor dele próprio! Podeis contar comigo!”

Por isso, esclarece “não tenho um plano preconcebido nem soluções mágicas, mas procurarei inserir-me no caminho que a diocese está a fazer, tanto no percurso sinodal da diocese em comunhão com toda a Igreja, como na corrida, em passo apressado e próprio dos jovens, para a próxima JMJ Lisboa 2023”.

“Como guião, levo o Evangelho para ler Cristo, todos os dias! Esta opção fundamental torna secundário qualquer projeto ou estrutura e, quando estas nascerem, terão sido geradas na vida da Palavra rezada e vivida. É esta a base do estilo sinodal proposto pelo Papa Francisco, onde opiniões, diferenças ou desacordos, constituirão riqueza para nutrir a reciprocidade. Veremos muita vida nova e vida renovada”, conclui.

D. Armando Esteves Domingues deixa, ainda, palavras de gratidão para com a diocese do Porto, com um especial agradecimento a D. Manuel Linda com quem “vivi e trabalhei durante estes últimos quatro anos na Diocese do Porto num clima de muito respeito, grande ajuda e amizade que perdurará e continuará a dar frutos”.

“Ajudou-me a aprender a ser bispo” disse estendendo o agradecimento aos dois bispos auxiliares do Porto, D. Pio Alves e D. Vitorino Soares e a todo o presbitério, consagrados e leigos de quem diz que “vai ter saudades”.

A mensagem termina com a formulação de um desejo para os novos diocesanos:

“Quero, convosco, olhar com muita esperança para o Jubileu de 2025: o Jubileu da Esperança! A Igreja existe para ser sinal de Esperança para toda a humanidade. Chegaremos lá, peregrinando e, oxalá, cheguemos juntos. A Jornada Mundial da Juventude e o Sínodo sobre a sinodalidade dar-nos-ão certamente razões para essa esperança!”.

“Chegarei em breve aos Açores como bispo da diocese de Angra, conhecida pela sua riquíssima cultura e religiosidade populares e pela sua vocação missionária como o atesta o Padroeiro, beato João Baptista Machado” disse ainda.

“A São Salvador do Mundo, ao beato João Batista e à Mãe do Céu confio o meu múnus episcopal e a eles rezo por cada um de vós. Até breve”.

O Papa Francisco nomeou hoje D. Armando Esteves Domingues, até agora bispo Auxiliar do Porto, como Bispo de Angra.

O prelado será o 40º bispo de Angra e o segundo Bispo Auxiliar do Porto a ser nomeado consecutivamente como bispo desta diocese insular. Foi ordenado bispo a 16 de dezembro de 2018.

Natural da Vila de Oleiros, no Distrito de Castelo Branco, o novo bispo de Angra tem 65 anos, é proveniente de uma família numerosa, sendo o oitavo de onze irmãos.

Ordenado sacerdote a 3 de janeiro de 1982, na Sé Catedral de Viseu, depois de ter feito um ano de Estágio pastoral em Roma, numa comunidade com 7 seminaristas e um sacerdote, no Centro Mundial de Espiritualidade e Teologia do Movimento dos Focolares., D. Armando Esteves Domingues conta com formação em áreas como a pastoral juvenil, a espiritualidade e a pastoral familiar, com especial incidência na preparação de noivos para o matrimónio.

Entre o seu percurso pastoral sobressai, ainda, o seu empenho na área sociocaritativa, com a dinamização ao longo dos anos de várias iniciativas ligadas à inclusão social, ao combate ao desemprego, à recuperação de dependências e à habitação.

Deverá entrar na diocese depois das festas do Natal, em meados de janeiro.

(Foto de João Lopes, da diocese do Porto)

 

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