Padre Francisco Ruivo, da diocese de Santarém, será o pregador
“Senhor Viemos ao vosso encontro” é o mote para as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que arrancam esta terça- feira em Ponta Delgada, com o inicio do tríduo preparatório, de hoje até quinta-feira, na Igreja do Convento da Esperança, às 18h00.
A Festa do Senhor Santo Cristo regressa este ano nos moldes habituais, dois anos depois do confinamento imposto pela pandemia provocada pelo Covid-19. No regresso, a festa vai garantir pequenas alterações ao programa tradicional de forma a proporcionar a oportunidade de uma maior proximidade entre a Imagem e os fiéis que, por estes dias, peregrinarem ao Campo de São Francisco que será, sobretudo, um espaço de oração, onde pela presença física da Imagem, que estará no adro da Igreja, motivará momentos de maior recolhimento em redor da praça.
Na sexta feira, dia em que arranca efetivamente a festa, haverá Missa no Santuário às 8h00 e às 9h00; a Missa dos doentes, às 11h00, terá lugar na Igreja de São José e será presidida já pelo cardeal José Tolentino Mendonça que preside este ano à festa maior do concelho e da ilha de São Miguel. O cardeal José Tolentino Mendonça é natural da Madeira e atualmente dirige a Biblioteca Apostólica e Arquivo do Vaticano.
Às 21h00, a Imagem sairá para o adro, com a inauguração decorativa da fachada da Igreja do Convento da Esperança, com execução do Hino do Senhor Santo Cristo pela Banda Triunfo, seguida do desfile da Charanga dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, seguindo-se a execução do Te Deum, pelo Grupo Coral de São José.
Uma hora depois a Imagem seguirá para a primeira Vigília de duas, na Igreja de São José. Esta é uma das novidades do programa da edição deste ano, já que habitualmente a Imagem apenas saia no sábado proporcionando depois a Vigília.
No Sábado de manhã, depois da Missa às 8h00 na Igreja de São José, a Imagem regressará ao adro da Igreja do Convento da Esperança a onde permanecerá para veneração até às 13h00. A Procissão, mais destinada às promessas, terá lugar às 16h30, cumprindo o giro habitual, passando em frente à Guarda de Honra prestada por uma companhia do Exército e Banda da Zona Militar dos Açores, com uma sala disparada de uma corveta da Marinha. Às 17h45 haverá um momento de celebração da Palavra com uma alocução do presidente da Festa, cardeal D. José Tolentino Mendonça. A Imagem permanecerá no adro até às 22h00, altura em que recolherá à Igreja de São José para a segunda Vigília.
No domingo do Senhor Santo Cristo, a Missa será às 9h30, no campo de São Francisco e às 15h30, a procissão solene cumprirá o giro habitual pelas principais artérias de Ponta Delgada. As festas encerram na quinta-feira, com uma celebração na Igreja do Convento da Esperança, às 18h00, presidida pelo Reitor, cónego Adriano Borges.
“Que toda a gente seja responsável; quem tiver problemas de saúde e esteja numa condição mais vulnerável deve tomar cuidados redobrados”, apelou o Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, numa entrevista ao Igreja Açores este sábado.
Sobre o sentido da festa, o cónego Adriano Borges centra-se no simbolismo da Imagem: “A imagem faz-nos reconhecer o grande amor da entrega até à morte, como foi a entrega de Jesus, mas associa à imagem de dor e sofrimento, ao mesmo tempo, uma grande serenidade como que a dizer que está ali de livre vontade por um amor maior. Por outro lado nesta imagem, na forma como nos olha e como nós vemos o sangue que sai dos seus olhos, percebemos o seu sofrimento e nele buscamos as forças que precisamos para ultrapassar o nosso”.
“Sentimos quase um mimetismo com o nosso próprio sofrimento: não temos uma coroa de espinhos mas há muitos espinhos que nos ferem o coração e nos ferem a alma; não temos uma cana para nos baterem na cabeça mas há muitas formas de bater e por isso acho que é um pouco esta forma de relação de proximidade com o nosso sofrimento”, esclarece.
“É óbvio que não podemos ficar na imagem do sofrimento e devemos dar o salto: a ressurreição, uma nova humanidade, uma nova vida e um novo tempo”, refere.
Este ano a Capa que cobrirá a Imagem do Senhor Santo Cristo foi oferecida por um emigrante da Ribeira Grande nos Estados Unidos, desde 1968.
Numa nota de imprensa é referido que “sendo crente e devoto, aos 29 anos prometeu que faria esta oferta, pois nas suas orações sentiu esta necessidade” o que veio a acontecer em maio de 2019. A capa, em veludo vermelho escuro, foi executada por uma artesã de Vila Franca do campo e é a 35ªa Capa que a Imagem veste.
A festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres é, a seguir ao Espírito santo, a maior devoção dos açorianos, fazendo convergir anualmente, no quinto domingo da Páscoa milhares de fiéis ao Campo de São Francisco, em Ponta Delgada.
Celebrado há mais de três séculos e meio, o culto ao Ecce Homo terá começado no Convento da Caloura, em Água de Pau, concelho da Lagoa, ilha de São Miguel, passando depois para outras ilhas e para os principais destinos da emigração açoriana.
Guardada no coro baixo do Convento da Esperança, a imagem do Senhor Santo Cristo remonta ao Seculo XVI, assim como ceptro, a corda, a coroa, o relicário e o resplendor, peças que são propriedade da diocese de Angra e constituem o Tesouro do Senhor Santo Cristo, classificado como Património de Interesse Regional.