Por Renato Moura
No fim de 2016 recordamos, nomeadamente, que a guerra e os conflitos continuaram em algumas regiões, o fenómeno dos deslocados, dos migrantes e refugiados perdura, os atentados sucedem-se roubando inúmeras vidas, soube-se de assassínios por motivos fúteis. Em várias oportunidades os eleitores deram significado à abstenção, pronunciaram-se por mudanças significativas, revoltaram-se contra o sistema, obrigaram a que muitas decisões políticas e institucionais tenham de ser repensadas, sob pena de grassarem os populismos nacionalistas.
Mas também aconteceram boas notícias. Vimos evoluir favoravelmente, como bom exemplo, a solução para o conflito na Colômbia que dura há mais de 50 anos. Alguns acontecimentos foram importantes para afirmar Portugal no Mundo, como a eleição de Guterres para Secretário Geral da ONU, a primeira conquista do Europeu de Futebol, a consagração de Fernando Santos como melhor seleccionador de futebol do mundo, a conquista de mais dez títulos individuais por parte de Cristiano Ronaldo.
A nível político vimos que um Governo minoritário do PS com o inédito apoio parlamentar do BE, do PCP e Verdes conseguiu manter a solidez política, que apesar disso não se deixaram de cumprir as regras europeias e Portugal não sofreu as tão temidas sanções da UE, prevendo-se mesmo que o défice fique abaixo dos 3%. Que, goste-se ou não do expediente (que muito criticam mas já tantos usaram) para redução do endividamento ao Estado, se recuperam em 2016 várias centenas de milhões da dívida total que ficou no regime e ultrapassa os 1.400 milhões de euros a recuperar ao longo de 11 anos.
Os portugueses estão a aderir, cada vez em maior número, ao estilo do novo Presidente da República, na normalização institucional e política, não só com o Governo e demais órgãos de soberania, mas também na relação com o povo. Um novo ambiente político permitiu iniciar a recuperação de perdas anteriores, seja ao nível de vencimentos e regalias, seja também no alívio de alguns impostos e até recuperação de feriados. O salário mínimo aumentou e voltará a aumentar em 2017.
Falharam muitas previsões negativas de políticos, analistas e jornalistas. O ano de 2017 não será certamente isento de agruras. Mas creio que para as ultrapassar não contribui o ambiente de vaticínio da desgraça. Importa analisar, criticar, mas contribuir com soluções.
Como lembrou o nosso Papa, o poder do Menino Jesus “regenera a vida”, “perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem”. Acreditemos e peçamos-Lhe.