Por António Pedro Costa

Já ouviram falar no The Chosen?
Só há bem pouco tempo ouvi falar desta série, que tem arrebanhado inúmeros admiradores, e apesar de ser uma temática religiosa tem sido muito considerada. Comecei a ler várias críticas sobre esta série e fiquei com vontade de ver algum episódio e tornei-me admirador deste trabalho televisivo.
De facto, The Chosen, que só agora começou a ser exibido nos cinemas em Portugal, tem-se destacado de forma impressionante, tendo sido lançada em 2017 e, desde então, se tem diferenciado de outras adaptações bíblicas, precisamente por adotar uma abordagem mais humana e focada na humanidade das personagens.
Em vez de ser uma simples descrição das histórias do Novo Testamento, a série propõe um aprofundamento da vida das pessoas que conviveram com Jesus, trazendo um olhar mais intimista e emocional para estas figuras históricas.
A série consegue mostrar as fragilidades e os dilemas dos apóstolos, de Maria Madalena, Nicodemos e de outros, criando uma ligação profunda com o espectador. Ao enfatizar as histórias pessoais e as lutas internas de cada um, a série humaniza estas figuras bíblicas, permitindo que o público as veja como pessoas reais, com medos e falhas próprias do ser humano.
Este trabalho televisivo tem uma grande qualidade cinematográfica, com roteiros bem escritos, direção artística fantástica e com atuações fortes. O uso da narrativa que mistura momentos, tanto de leveza, como de profundidade, chamou-me a atenção, conseguindo ser acessível, tanto para quem já conhece a Bíblia, como para quem toma contato com estes temas religiosos pela primeira vez.
No entanto, é de alertar para o facto de que The Chosen adota algumas liberdades criativas, pois certas cenas e diálogos não são extraídos dos textos bíblicos, o que pode gerar algum desconforto para aqueles que preferem uma adaptação mais fiel. Porém, para muitos, isso não diminui a qualidade da série, dado que o mais importante é a experiência emocional, do que na precisão histórica.
The Chosen consegue trazer uma nova perspetiva sobre as histórias de Jesus e dos seus apóstolos, humanizando figuras sagradas e cria uma narrativa emocionante. Esta série é uma oportunidade para repensarmos a fé, a transformação pessoal e os valores universais do amor, da compaixão e do perdão. Mesmo para quem não é religioso, o seu conteúdo está cheio de lições interessantes sobre a vida e sobre o ser humano.
Fiquei impressionado ao tomar conhecimento que esta história sobre Jesus de Nazaré, The Chosen (Os Escolhidos) já foi vista por mais de 108 milhões de pessoas ao redor do mundo. Além de se aprofundar na vida de Cristo, a produção debruça-se sobre a vida de pessoas comuns que foram abençoadas por milagres e passaram a seguir Jesus.
Criada por Dalla Jenkins, a série tem como objetivo aproximar os espectadores tanto de Jesus como daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele. Assim, podemos conhecer mais sobre as histórias dos discípulos e das pessoas seguiram Jesus por toda a Judeia e pela Galileia.
Para o público português, The Chosen representa uma oportunidade de se reviver passagens bíblicas com uma abordagem mais acessível e emocionante e, num mundo onde a fé e a espiritualidade parecem muitas vezes estar em segundo plano, a série surge neste período quaresmal como uma tentativa de aproximar as pessoas para as questões espirituais profundas, pois é ao mesmo tempo moderna e fiel aos princípios cristãos.
Além do entretenimento, The Chosen também partilha histórias sobre crescimento espiritual de cada pessoa, seja cristão ou não e não esconde as suas influências religiosas e, é justamente por isso, que ela conseguiu granjear um enorme êxito junto de um público que segue o cristianismo ao redor do mundo, esperando que os portugueses também adiram e possam assistir ao episódio da Última Ceia.