Sacerdote, que é também ouvidor eclesiástico da Ilha sublinha mais emprego e proximidade ao Faial como factores de fixação residencial na Madalena
É com “esperança e responsabilidade” que o pároco da Madalena olha os números dos censos de 2021 que apontam para um crescimento Populacional deste concelho da ilha do Pico em 4,7%( mais 300 pessoas do que em 2011), numa tendência inversa à registada no resto do arquipélago.
“Trata-se efetivamente de um sinal de esperança, sobretudo numa ilha que tem três concelhos, que é grande e tem pouca população” refere o sacerdote. “O que vemos é que as pessoas de outros concelhos da ilha fixam-se na Madalena. Aqui há mais emprego- turismo, vinhas- mas também a proximidade ao Faial, nomeadamente para quem trabalha na ilha do lado é mais fácil fixar-se aqui” refere.
“Para nós, para a Igreja, é um sinal de grande responsabilidade” adianta lembrando que o “acolhimento e a disponibilidade para integrar todos os que optam por residir na Madalena é o grande desafio”.
“Temos de saber acolher; este é o nosso grande compromisso. Os tempos exigem que saibamos ler os sinais e contribuir para que todos tenham lugar na Madalena” acrescenta ainda lembrando que a Igreja tem uma “papel muito importante” para “que todos possamos caminhar em conjunto”.
Os Açores registaram uma quebra de população residente de 4,1% desde 2011, segundo os dados preliminares dos Censos 2021 revelados hoje, com o concelho da Madalena, na ilha do Pico, a ser o único a registar crescimento (4,7%).
O arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, o equivalente a 4,1%, tendo agora 236.657 residentes.
A região foi a quarta no país a perder mais população, a seguir ao Alentejo (6,9%), Madeira (6,2%) e Centro (4,3%).
Os decréscimos mais acentuados de população registaram-se nos concelhos de Santa Cruz das Flores (11,7%), Nordeste, na ilha de São Miguel (11,4%), e Corvo (10,2%), a mais pequena ilha dos Açores.
O Corvo é, também, a ilha (e o concelho) menos populosa das nove do arquipélago, apresentando agora 386 habitantes, menos 44 do que em 2011, de acordo com os dados preliminares dos Censos 2021.
O concelho da Madalena, na ilha do Pico, foi a exceção, com um crescimento de 4,7%, passando de 6.049 residentes para 6.332.
A Madalena foi também o município do país que registou o maior aumento do número de alojamentos destinados à habitação (13,5%).
O presidente da Câmara da Madalena considerou que o desenvolvimento socioeconómico e os incentivos à fixação de pessoas justificam que o concelho tenha sido o único a aumentar população nos Açores.
“Seja ao nível do desporto, da cultura ou da educação, é transversal o desenvolvimento da Madalena e por isso mesmo justifica-se que as pessoas possam realmente querer estabelecer-se e ficar na Madalena”, disse, em declarações à Lusa, o autarca da Madalena.
Para José António Soares, os números comprovam que a Madalena está “no caminho certo” e refletem o trabalho realizado pelo município, pelos empresários e pelas coletividades.
Também o presidente do Conselho de Ilha do Pico, Rui Lima, encara estes números com “esperança” e “entusiasmo”.
“São números que nos dão alguma esperança em relação ao futuro, para continuarmos a trabalhar para o crescimento da ilha e dos vários concelhos”, afirmou.
Nos outros dois concelhos da ilha do Pico houve um decréscimo da população (menos 7,8% nas Lajes e menos 4,9% em São Roque), mas como a Madalena é o concelho mais populoso da ilha, no global registou-se uma redução de apenas 1,8%.
O presidente do conselho de ilha admitiu que exista uma maior concentração da população da ilha do Pico no concelho da Madalena, por ser o que tem o aeroporto e o porto mais próximo da ilha do Faial.