“Temos de ser capazes de fazer transparecer Deus, de sermos o seu prolongamento”

As religiosas Franciscanas Hospitaleiras são a única congregação com província nos Açores

Presentes nos Açores desde Março de 1929, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC) constituem a única congregação que tem província nos Açores, criada em 1987, possuindo comunidades nas ilhas Terceira, Pico, Faial, São Jorge e São Miguel.

A Congregação surgiu em Portugal 58 anos antes de chegar aos Açores pela mão da Madre Maria Clara do Menino Jesus, beatificada em maio de 2011, como uma resposta evangélica às inúmeras carências que assolavam o país, tendo como fim especifico “tornar visível no mundo a Misericórdia de Deus”, através da “Hospitalidade”, encarada como acolhimento dinâmico, servindo os sofredores, “de preferência os pobres” e exercendo para com eles “as obras de misericórdia”, de acordo com o lema “onde houver o bem a fazer que se faça”.

Mas para estas religiosas o que importa não é fazer coisas, mas “viver a vocação com uma entrega tal que aquilo que fazemos não seja outra coisa senão deixar transparecer o Senhor Jesus; sermos o seu prolongamento”, disse ao Sítio Igreja Açores a responsável pela Província de São José, nos Açores, Irmã Noémia Alves, numa altura em que arrancou o ano da Vida Consagrada.

Trata-se de uma oportunidade para esta Congregação – a que mais expressão tem na Diocese quer pelo número de ilhas onde está presente (cinco ilhas) quer pelo número de religiosas que possui (56)- se dar a conhecer e despertar novas vocações, “quem sabe”, diz a provincial.

“Nosso Senhor nunca disse que tínhamos de ser muitas”, sublinha a Irmã Noémia Alves, lembrando, no entanto que a Congregação já não desperta vocações açorianas há 14 anos.

“É um problema transversal a todas as congregações e por isso este ano da Vida Consagrada vamos desenvolver atividades inter-congregacionais na ilha Terceira, para sensibilizarmos os mais jovens para a beleza da vida religiosa consagrada”, refere.

Entre as atividades previstas estão deslocações às escolas, às salas de catequeses nas paróquias, vigílias de oração pelas vocações.

A Congregação exerce a sua missão nos sectores da educação, saúde, assistência a crianças e idosos, promoção social, evangelização direta e missões ad gentes. De resto, a fundadora – Irmã Maria Clara- foi pioneira neste último capítulo, ao enviar , pela primeira vez, mulheres em missões ad gentes “e teve de lutar muito contra o tempo e contra a própria igreja”, lembra a Irmã Noémia Alves.

Nos Açores, a maior comunidade vive na ilha Terceira, repartida em duas casas: uma que atende as irmãs mais idosas e outra que está a orientar o colégio de Santa Clara, que dispõe de uma creche, jardim de infância e leciona o primeiro e segundo ciclos do ensino básico.

“A educação é muito importante para nós pois formar, educar e instruir, de acordo com valores da fraternidade, simplicidade e alegria é um desafio constante”, recorda a responsável.

“Há famílias que do ponto de vista material têm tudo, mas falta-lhes o essencial e nós procuramos ser esse `alimento´ junto das nossas crianças”, diz. Tal como com os mais velhos: “há uma enorme carência; é uma dor forte vermos pessoas que toda a vida lutaram e que no fim não têm ninguém que as apoie”.

A CONFHIC possui três casas para acolhimento de crianças oriundas de famílias destruturadas- duas no Pico e uma na Povoação, em São Miguel. Uma das casas no Pico recebe irmãos ( raparigas e rapazes) desde o berço até aos 12 anos e, a outra, recebe apenas rapazes dos doze anos até á idade adulta. A casa da Povoação racolhe, apenas, crianças até aos doze anos. No total, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição apoiam 34 crianças. No concelho micaelense, a Congregação dispõe, ainda, de um Ateliê de Tempos Livres que acolhe 85 crianças e, de uma ludoteca itinerante que presta apoio às escolas do ensino regular do concelho.

“Não trabalhamos sozinhas (por exemplo nas três casas que possuem para acolher crianças negligenciadas existem duas psicólogas e uma assistente social para além dos auxiliares) embora a nossa presença seja muito importante pois a responsável por cada uma destas casas é sempre uma irmã que vive diariamente com estas crianças e constitui, para muitas delas, a principal referência pois está com elas de noite e de dia”, refere a Irmã Noémia Alves.

Em São Jorge, a missão destas religiosas é, essencialmente, no apoio à terceira idade. O lar que dirigem acolhe 70 idosos, alguns deles já a receber cuidados continuados, bem como apoio domiciliário em toda a ilha, centro de dia e apoio aos sem abrigo.

No Faial o trabalho é “menos visível” mas “igualmente importante”. A comunidade está inserida na pastoral paroquial ocupando-se primordialmente do serviço religioso, seja na visita aos doentes, na animação da liturgia ou na ajuda ao lar de idosos.

A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição é um dos 12 institutos religiosos femininos presentes na Diocese de Angra, a que se juntam mais três masculinos.

(texto feito a partir de uma noticia publicada no sítio Igreja Açores aquando dos 480 anos da Diocese de Angra)

Scroll to Top