“Temos de acreditar que esta Igreja unida e fraterna na diversidade pode ser um grande exemplo para a humanidade”, assinala bispo de Angra

O bispo de Angra afirma que “há uma grande expectativa” com a XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer no Vaticano, e que esta gera uma “grande esperança”, lembrando que “não é nenhum concílio”, embora esteja em causa “muita coisa”.

“É um momento de esperança muito grande, está em causa muita coisa: em primeiro lugar a Igreja ser capaz de se sentar, de se confrontar com o Evangelho, e de ser capaz, aí dentro,  de escutar o Espírito que lhe diga em que ponto está, e os desafios que se hoje se lhe colocam”, começou por explicar D. Armando Esteves Domingues, no último podcast ‘Palavras que abrem Caminho’, do sítio Igreja Açores.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O bispo de Angra lembra que “não é nenhum Concílio”, mesmo que “alguns” até gostassem que fosse, mas, neste “tempo de mudanças tão aceleradas, ninguém vai querer legislar, ordenar a fé”, como noutros momentos da história.

“São tempos não fáceis para a humanidade e também não  o são para a Igreja, como sempre foi ao longo do tempo”, comentou.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, “há uma grande expectativa e esta gera uma grande esperança”, lembrando que na Igreja “nunca, na história, houve uma consulta alargada a todo o povo de Deus”.

“Podemos dizer que é uma das ânsias de toda a humanidade ser ouvida: os pobres, as periferias, não só as que lá estão, mas que vamos continuando a criar e a aprofundar”.

O Papa Francisco, acrescenta o bispo diocesano, não esteve no Concílio, mas “tem a prática conciliar e este estilo sinodal muito no sangue, na sua vida, na sua forma de estar”, mesmo quando tem “posições mais drásticas”, intervenções mais fortes.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, as questões que apoquentam os cristãos de hoje, a humanidade,  são os mesmos que se colocam à Igreja que a “apoquentam por dentro e alguns deles até a apodrecem, posições duras, veementes”, dando como exemplo alguns temas “mais fraturantes”, como o “papel das mulheres, celibato, questões de género”.

“Espero que tenhamos uma tal abertura que estes temas possam ser discutidos, possam estar na agenda do sínodo e possam continuar na agenda da Igreja”, assinalou, realçando que “não existe” conservadores e progressistas, mas as “sensibilidades das pessoas hoje”, existem correntes, “existem, às vezes, até blocos de Igrejas”.

O encontro tem 365 votantes – 54 mulheres – a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras Igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo; outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, ou “facilitadores”, sem direito a voto.

“Imagino o que seja este trabalho de irmãos, independentemente dos ministérios, este trabalho de povo, este escutar o Espírito Santo. Este diálogo de escuta, se for profundo, dá sempre frutos;  quando nos sentamos para nos ouvirmos há  sempre frutos. Temos que acreditar que esta Igreja unida e fraterna na diversidade pode ser um grande exemplo para a humanidade”, desenvolveu o bispo de Angra, no podcast ‘Palavras que abrem Caminho’.

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