Por Carmo Rodeia
As Nações Unidas estimam que o mundo tenha atingido hoje os 8 mil milhões de habitantes. Nunca fomos tantos e a população ainda vai crescer.
O marco atingido esta terça-feira representa um crescimento vertiginoso da população, se pensarmos no que levámos para aqui chegar: a população mundial demorou até 1800 para atingir mil milhões e há 100 anos ainda não éramos dois mil milhões. No ano de 1950 nasceram 92 milhões de bébés em todo o mundo, dos quais 205 mil em Portugal. Em janeiro desse ano, o planeta tinha 2,50 mil milhões de pessoas. Depois disso já nasceram 9,16 mil milhões. Em 12 anos passámos de 7 mil para 8 mil milhões e agora será necessários mais 13 anos para chegarmos aos 9 mil milhões, segundo a ONU.
Nunca fomos tantos, mas somos apenas 13% de todas as pessoas que já habitaram a terra nos últimos dois mil anos.
É curioso porque abri a página do Expresso online, onde fui buscar estes dados e que tem um contador desafiador, e desde que a abri até que comecei a escrever este artigo, nasceram mais 1940 bébés em todo o mundo. Não estive mais do que 10 minutos na página. Diz o jornal, citando as Nações Unidas, que a população mundial vai continuar a aumentar, ainda que mais devagar. Isso significa que continuam a nascer mais pessoas do que as que morrem, mas o excesso de nascimentos sobre os óbitos é cada vez menor.
As Nações Unidas apontam o aumento da esperança média de vida como principal responsável, somando-se à diminuição das mortes maternas e infantis e a sistemas de saúde cada vez mais eficazes. Mas levanta-se também a questão dos recursos para sustentar esta quantidade de seres humanos — com todos os desequilíbrios que permanecem entre as várias regiões do mundo.
Em 2022, mais de metade (59%) vive na Ásia, 18% em África, 13% na América, 9% na Europa e 1% na Oceânia. Em 2050, a Ásia continuará a ser a região mais populosa (55%), mas o continente africano vai ganhar protagonismo (26%), sobretudo devido ao enorme crescimento da África Subsariana, onde o número de habitantes irá duplicar até 2050. A América terá 12% da população, na Europa estarão 7% e na Oceânia 1%.
Ou seja, o inverno demográfico é só cá no burgo europeu e nós portugueses, com os nossos 10,3 milhões de tugas, representamos apenas 0,13% da população mundial. Mais assustador nesta catadupa de números é que os dados apontam para que em 2050 sejamos apenas 9,3 e em 2100, apenas 6,9 milhões.
Olhando para a religião, segundo dados da Agência Fides, relativos ainda a 2020, o número de católicos diminuiu em todo o mundo, especialmente na Europa.
Seremos cerca de 1.359.612.000 pessoas, cada vez mais em África e na Ásia.
Continuamos a descer também nas vocações, sobretudo consagradas: menos bispos, menos padres, menos religiosos, menos missionários.
Continuamos no entanto a ser uma presença relevante, embora mais mirrada, na educação, quer em escolas para crianças como para estudantes universitários, bem como as instituições de saúde e assistência social, onde se incluem hospitais, lares, orfanatos, clínicas e centros de reabilitação.
O Sínodo que vivemos e para o qual estamos todos convocados também nos ajudará a refletir sobre isto: se somos tantos no mundo e estamos a ser cada vez menos na Igreja há de haver uma razão. Ou várias. Teremos de as saber identificar e ultrapassar. Não creio que nos possamos dar ao luxo de perder mais esta oportunidade…