O cardeal Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat (Marrocos), disse hoje no Vaticano que os católicos devem acompanhar com “paciência e esperança” os trabalhos da assembleia sinodal em curso, sem esperar resultados imediatos.
“Não esperem soluções ou decisões nesta etapa”, sublinhou o religioso espanhol, um dos participantes no encontro diário com a imprensa.
A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, começou a 4 de outubro; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.
O arcebispo de Rabat começou por partilhar com os jornalistas uma impressão “fundamentalmente positiva” do Sínodo, alertando, em seguida, que é irreal “esperar que se falem de todos os temas que preocupam a Igreja”, atualmente.
D. Cristóbal López Romero admitiu que, entre os participantes, há quem persista numa imagem muito “autorreferencial” de Igreja, ao contrário do que tem pedido o Papa Francisco.
Da Austrália, D. Antony Randazzo, bispo de Broken Bay, destacou aos jornalistas a experiência de “profunda escuta”, neste Sínodo, e a importância de ir além da “forma europeia de pensar” a Igreja.
“A Igreja na Oceânia engloba um quinto do território do planeta e a maior parte é água”, precisou.
O jesuíta nigeriano Agbonkhianmeghe Emmanuel Orobator, professor de teologia nos EUA, destacou que o processo sinodal deve trazer “algo de novo” na forma de viver nas comunidades, promovendo a centralidade da “escuta, diálogo e discernimento”.
O verdadeiro “teste”, acrescentou, vai acontecer nos próximos anos.
“O processo vai ser mais importante do que o resultado”, observou o padre Agbonkhianmeghe Emmanuel Orobator, destacando a dimensão “consultiva” do Sínodo
Renée Ryan, docente de filosofia e teologia, da Austrália, falou de uma experiência “espiritual”, admitindo a necessidade de maior aprofundamento teológico em vários assuntos, incluindo a do diaconado feminino.
A professora universitária lamentou, no entanto, a “demasiada ênfase” dada à questão do sacerdócio, convidando a pensar nas necessidades das mulheres de todo o mundo, na sua vida familiar e profissional.
Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), rejeitou a ideia de que o processo sinodal esteja parado, sem responder às questões levantadas durante a fase de consulta das várias comunidades católicas, nos cinco continentes.
“Estamos a meio do caminho”, realçou, apontando à produção de um documento de síntese que vai ser “restituído ao Povo de Deus”.
Os trabalhos desta sessão decorrem até 29 de outubro e as reflexões são desenvolvidas em 35 grupos de trabalho linguístico (círculos menores), constituídos por 11 pessoas e um “facilitador”, incluindo um grupo de língua portuguesa.
Aos 365 votantes, entre eles 54 mulheres, somam-se, sem direito a voto, 12 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.
(Com Ecclesia)