Marcelo Rebelo de Sousa encerrou o Congresso Nacional das Misericórdias, que decorreu no Algarve
O presidente da República lembrou hoje o papel “insubstituível” das Misericórdias e espera que o seu contributo seja considerado na nova lei de bases da saúde
“Aí tenho esperança, como disse há três dias ou quatro, que seja possível no articulado da lei encontrar uma solução que permita acolher os vários setores, cooperando entre si e reconhecendo o que cada um deles tem a contribuir”, disse Marcelo Rebelo de Sousa no encerramento do Congresso Nacional das Misericórdias.
Cerca de 700 congressistas participaram Congresso Nacional das Misericórdias, em Albufeira, no Palácio de Congressos do Algarve, promovido pela União das Misericórdias Portuguesas.
Na sessão de encerramento, Marcelo Rebelo de Sousa referiu as perspetivas demográficas que apontam para o envelhecimento da população e indicou que o setor privado deve criar condições para acolher a população idosa.
“Vai ser preciso ter condições de acolhimento de uma população idosa cada vez mais numerosa, em que os hospitais públicos não devem servir para isso, porque têm outras prioridades, o setor privado não vai servir para isso, na grande maioria dos casos, e o setor social, também aí, é insubstituível”, afirmou o presidente da República.
De acordo com a Agência Lusa, Marcelo Rebelo de Sousa valorizou o trabalho do setor social para a democracia, nomeadamente o facto de se ter organizado na Confederação Portuguesa da Economia Social, passando a ter representação no Conselho Económico Social.
“Espero que seja acolhida no Conselho Social e que seja possível que venha obter um estatuto de parceiro e interlocutor social importante, porque isso pode ser útil e significativo para o diálogo, o pluralismo e a participação numa sociedade democrática, progressista e avançada como é aquela que nós queremos e que está na Constituição”, disse o presidente da República.
O Congresso Nacional das Misericórdias iniciou na quinta-feira com alertas do presidente da União das Misericórdias Portuguesas para a necessidade do governo atualizar a comparticipação pelos serviços que prestam, uma vez que “há muito” que estão “no sinal vermelho”.
“É urgente iniciarmos um processo de renovação dessa comparticipação para valores aceitáveis sob pena de regressarmos aos salários em atraso e ainda pior a baixas excessivas de qualidade da que justamente nos obrigamos”, disse Manuel de Lemos, esta quinta-feira.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) tinha já pedido “clareza” ao Estado sobre a relação com setor social, nomeadamente na área da saúde, e “equilíbrio” na gestão dos parceiros.
Na Missa de abertura do Congresso Nacional das Misericórdias, o bispo do Algarve afirmou que as Santas Casas da Misericórdia são das instituições que “mais têm contribuído” para “tocar, cuidar e curar as chagas humanas e sociais”.
“[As Misericórdias] Na sua vasta e diversificada ação mais têm contribuído para tocar, cuidar e curar as chagas humanas e sociais, infelizmente nem sempre com o reconhecimento devido pela sociedade em geral e assumido por quem tutela a sua ação”, disse D. Manuel Quintas.
O Congresso Nacional das Misericórdias decorreu em Albufeira entre os dias 7 e 10 de fevereiro, sobre o tema “Missão, Rigor e Compromisso”.
(Com Ecclesia e Lusa)