O diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa salienta que lembrar a rainha Isabel II, que faleceu esta quinta-feira, aos 96 anos de idade, “é falar também da sua fé profunda”.
“Foi nas suas mensagens à nação que assistimos de forma crescente ao testemunho público da sua fé cristã. Fazia-o com naturalidade e elegância, sem imposição, prestando também nisso um serviço”, explica o padre Peter Stilwell, numa nota enviada à Agência Ecclesia.
O sacerdote, com raízes britânicas, acrescenta que se a rainha de Inglaterra partilhava “com simplicidade os valores que a motivavam”, o público étnica e religiosamente plural a que se dirigia também o podia fazer, “mas com a delicadeza e o respeito com que ela a todos tratava”.
Para o diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa, recordar Isabel II “na sua vida pública ou familiar, é falar, portanto, também da sua fé profunda”.
A Família Real britânica anunciou a morte da rainha Isabel II, aos 96 anos de idade, ao final da tarde desta quinta-feira, 8 de setembro; a rainha morreu no Castelo de Balmoral, e estavam presentes, nesta residência da família na Escócia, os quatro filhos – o príncipe Carlos e a esposa Camila, André, Ana e Eduardo, e os netos William e Harry.
O padre Peter Stilwell recorda que neste reinado de 70 anos, como rainha de Inglaterra e chefe temporal da Igreja Anglicana, visitou cinco dos sete Papas em funções durante o seu reino, “e fez questão de criar pontes com dirigentes de outras comunidades religiosas”.
Isabel II foi recebida pelos pontífices no Vaticano, e também os recebeu no seu país: João XXIII foi o primeiro, em 1961, e Francisco o último, em 2014; a rainha de Inglaterra encontrou-se em Roma com João Paulo II em 1980, passados dois anos na Inglaterra (1982) e, novamente, no Vaticano no ano 2000; Bento XVI saudou a monarca na Escócia, em setembro de 2010; ainda como princesa de Gales, Isabel encontrou-se com o Papa Pio XII, em 1951.
O diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-Religioso de Lisboa termina lembrando que a monarca com o reinado mais longo da História britânica faleceu no dia da Festa da Natividade de Nossa Senhora.
Isabel II subiu ao trono com 25 anos, coroada “num ritual feito de referências bíblicas”, assumiu o juramento e a unção desse dia como “estruturantes da sua missão”: “Abdicou do interesse e opinião pessoal para promover a confiança no estado e a estabilidade das instituições públicas”.
“Foram sete décadas de dedicação ao bem comum das 56 nações da Commonwealth, a que presidia, mas sobretudo das 14 de que era chefe de estado. E o exemplo, por todos reconhecido, transpôs largamente essas fronteiras”, acrescenta o padre Peter Stilwell.
Já ontem, o Papa Francisco manifestou-se “profundamente entristecido” ao ter conhecimento da morte da rainha Isabel II de Inglaterra.
“Junto-me a todos os que choram a sua perda para rezar pelo descanso eterno da rainha, e prestar homenagem à sua vida de serviço incansável ao bem da Nação e da Commonwealth”, escreveu no telegrama.
O Papa recorda o exemplo de devoção da rainha Isabel II “ao dever, o seu firme testemunho de fé em Jesus Cristo, e a firme esperança nas suas promessas”.
No telegrama de condolências, enviado ao rei da Inglaterra, Carlos III, Francisco começou por manifestar-se “profundamente entristecido” com a notícia da morte da rainha Isabel II, as sinceras condolências são também para os “membros da Família Real, ao povo do Reino Unido e à Commonwealth”.
“Asseguro a Vossa Majestade as minhas orações para que Deus Todo-Poderoso o sustente com sua graça inabalável, enquanto assume agora as altas responsabilidades como rei. Sobre o senhor e sobre todos aqueles que guardam a memória de sua mãe, invoco a abundância das bênçãos divinas como penhor de conforto e força no Senhor”, concluiu o Papa.
Recentemente, em junho, Francisco escreveu a Isabel II de Inglaterra, no dia das celebrações públicas do Jubileu de Platina, pelos 70 anos de reinado e o seu 96.º aniversário natalício, enviando “saudações cordiais e bons votos”; e em março, nos 40 anos das relações bilaterais Santa Sé-Reino Unido, o Papa também lhe tinha dirigido uma carta.
A Rainha de Inglaterra foi recebida por vários Papas no Vaticano, mas também recebeu no seu país: João XXIII foi o primeiro, em 1961, e Francisco o último, em 2014; a rainha de Inglaterra encontrou-se em Roma com João Paulo II em 1980, passados dois anos na Inglaterra (1982) e, novamente, no Vaticano no ano 2000; Bento XVI saudou a monarca na Escócia, em setembro de 2010; ainda como princesa de Gales, Isabel encontrou-se com o Papa Pio XII, em 1951.
O presidente da Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e País de Gales também homenageou a rainha, com uma mensagem, onde refere que estão de “coração partido” pela sua perda com a morte da rainha, e “cheios de admiração pela maneira infalível como ela cumpriu” o que declarou, no seu 21 aniversário, a 21 de abril de 1947, de dedicar ‘toda a vida, longa ou curta, ao serviço’.
“Estou cheio de um imenso sentimento de gratidão pelo presente ao mundo que tem sido a vida da rainha Isabel II; a sabedoria, estabilidade e serviço que ela sempre incorporou, muitas vezes em circunstâncias de extrema dificuldade, são um legado brilhante e um testemunho de sua fé”, escreveu o cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, na mensagem publicada no sítio online da conferência episcopal católica.
Elizabeth Alexandra Mary nasceu, em 1926, foi coroada no dia 2 de junho de 1953 e rainha de 32 estados independentes no total, num reinado de 70 anos; com a sua morte perdem o chefe de Estado, o Reino Unido, a Antígua e Barbuda, a Austrália, as Bahamas, o Belize, o Canadá, Granada, a Jamaica, a Nova Zelândia, a Papua Nova Guiné, São Kitts e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e as Granadinas, as Ilhas Salomão e o Tuvalu, perto de 150 milhões de pessoas no total
Na Commonwealth serviram-lhe mais de 170 primeiros-ministros, Liz Truss é a 15ª chefe de governo em Londres e tomou posse esta terça-feira, dia 6, tendo estado com a rainha.
Isabel II foi casada com o príncipe consorte Filipe, duque de Edimburgo, que morreu aos 99 anos, a 9 de abril de 2021, durante quase 75 anos, tiveram quatro filhos, oito netos e 12 bisnetos.
(Com Ecclesia)