Nostalgia de Deus na Literatura Contemporânea propõe abordagem de cinco escritores
Começou esta sexta feira, no Pólo do Pico da Urze, em Angra do Heroísmo, o primeiro curso livre –“Nostalgia de Deus na Literatura Contemporânea”- promovido pela delegação da Terceira do Serviço Diocesano da Pastoral Universitária, dirigida pelo Pe Júlio Rocha, que orientará as 15 sessões previstas até ao final do ano letivo na academia açoriana.
O curso, que conta já com cerca de duas dezenas de participantes, pretende desenvolver e conhecer a relação entre literatura e religião, partindo de autores como Dostoiévski, Kafka, Hemingway, Camus e, no panorama português, Raul Brandão, “visitando” algumas das suas obras mais conhecidas e marcantes, procurando “compreender a nostalgia do Absoluto nelas presente”.
“A minha intenção é que as pessoas se apaixonem pela literatura e vejam nela uma procura de verdade, uma busca de sentido para a vida humana até porque, em todos os autores que vamos estudar, o divino está sempre presente seja como forma de negação seja como busca de sentido”, referiu ao Sítio Igreja Açores o Pe Júlio Rocha.
Na sessão de abertura que foi precedida de uma eucaristia, o orientador do curso afirmou que as quatro últimas décadas “foram muito estranhas na literatura”, pois tanto esta como a filosofia “perderam o rumo de Deus, revelando-se isto numa certa escrita saudosa de Deus”.
O Pe Júlio Rocha, cuja tese de doutoramento é uma leitura teológico-moral da obra de Raúl Brandão, começou este curso com uma série de considerações genéricas sobre a relação entre a literatura e a religião sublinhando que “toda a literatura é religiosa porque ultrapassa a superficialidade dos dias”, na medida em que “os autores buscam em Deus alguma resposta” e “só a narrativa literária consegue dizer tudo aquilo que nenhum outro estilo, nem o académico, consegue exprimir”.
De resto, frisa, “os grandes escritores estão pelo menos 100 anos à frente da sua época, por isso são sempre tão atuais”.
O orientador, que é professor de Teologia Moral no Seminário Episcopal de Angra, lamentou, ainda, o facto de se ler “pouco”, sobretudo “muito pouco do que é bom”. E, em jeito, de provocação, disse que todos deveriam “auto proibir-se de ler o que não é bom, até porque nem temos tempo para ler tudo o que gostaríamos”.
O curso funciona todas as sextas feiras, entre as 17H30 e as 19h00, na universidade dos Açores, Em Angra do Heroísmo e, as próximas sessões estão agendadas para os dias 14 de novembro, 5 e 12 de dezembro e 9 de janeiro.
Entre os assistentes estão docentes universitários, alunos e pessoas de fora da academia que têm a literatura “como paixão”.
Carmo Rodeia/Nuno Pacheco de Sousa