Festa é celebrada ainda em contexto de pandemia a 12 de setembro
O Santuário mariano de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, ilha Terceira, celebra a sua festa maior a 12 de setembro. E, pelo segundo ano consecutivo a imagem não percorrerá as ruas da freguesia.
O novenário preparatório da festa que tem como tema “Com Maria, a beleza de caminharmos juntos em Cristo, Caminho, Verdade e Vida” arranca no dia 3 de setembro e será pregado pelo padre José Júlio Rocha, pároco de Porto Martins e Fonte Bastardo e assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz.
Entre os dias 10 e 12 de setembro a Igreja estará sempre aberta com missas à meia noite dos dias 10 e 11, presididas pelo padre Pedro Lima, pároco de Santa Lúzia, mas os peregrinos não poderão permanecer em Vigilia. No dia da festa, a 12 de setembro, haverá quatro missas solenizadas: às 9h00 (padre Gaspar Pimentel, santa Lúzia da Praia); às 11h00 (padre Nelson Pereira), às 14h00 (padre Davide Barcelos, Arrifes) e às 16h00 (D. João lavrador, bispo de Angra), de “forma a que todos possam participar sem problemas”.
O reitor do Santuário, padre João Pires, desafia os peregrinos a encontrarem em Nossa Senhora a intercessora e o colo para depositarem as suas angústias.
“Confiemos que temos Mãe, como nos lembrou o Papa Francisco no Centenário de Fátima” recorda o sacerdote sublinhando há dificuldades que resultam da pandemia e que estão a deixar as pessoas apreensivas.
“Os problemas económicos, de saúde, familiares e de estudo ou de perspectivas de futuro agravaram-se. No entanto Nossa Senhora continua com a sua mão aberta a oferecer-nos Jesus Caminho, Verdade e Vida”, salienta.
“Todos os dias o Santuário, entre as 18h00 e as 20h00, terá, impreterivelmente, dois sacerdotes para acolherem os peregrinos no sacramento da Reconciliação ou através de uma simples escuta ou conversa transmitirem algum conforto que minimize os efeitos colaterais e devastadores desta pandemia”, assegura ainda.
A solenidade de Nossa Senhora dos Milagres teve origem no século XVII e está ligada a vários momentos difíceis da história do arquipélago e de Portugal, com as comunidades a virarem a sua esperança para Maria.
De modo particular destaca-se o período em que Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra. Numa altura em que a Ilha Terceira não tinha qualquer tipo de fortificações e estava quase indefesa, a esperança das autoridades e das pessoas voltou-se para a intercessão de Nossa Senhora dos Milagres, cuja imagem estava colocada na igreja das Doze Ribeiras.
Ficou a promessa de que “caso a ilha não sofresse qualquer investida inimiga”, a comunidade iria promover uma festa anual em honra de Nossa Senhora, o que veio a acontecer.
A primeira celebração dedicada a Nossa Senhora dos Milagres aconteceu a 11 de setembro de 1764 mas esta devoção afirmou-se definitivamente a partir de 1842.
Se esta peregrinação começou com um pedido de intercessão ou proteção contra a guerra, hoje as orações das pessoas vão sobretudo ao encontro de dificuldades sociais como o desemprego, a doença e a crise nas famílias.
Estima-se que, ao longo destes dias, passem por este Santuário da Serreta, que há 15 anos foi elevado à condição de santuário diocesano pelo então bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, cerca de duas dezenas de milhar de peregrinos.