Diácono de 38 anos vai ser ordenado sacerdote no próximo dia 27 de junho
Ser padre fazia parte dos seus planos desde criança, mas a vida e o Espírito Santo, pareciam com jugados para o afastar do Seminário. Até 14 de setembro de 2014, altura em que decidiu “arriscar” refere o diácono Jorge Sousa, natural de Ponta Graça, em Vila Franca do Campo, mesmo contra a vontade da mãe que quando confrontada com o “seu empenho” nas coisas da Igreja chegou a dizer-lhe que “vivia entre as saias das freiras”. Aliás, recorda, com o coração apertado o dia em que disse à mãe que iria para o Seminário. “Foram dias difíceis porque ela só falava comigo o essencial” e quando o reitor do Seminário visitou a comunidade de Ponta Graça, por ocasião da festa local, em honra de Nossa Senhora da Piedade a felicitou pela alegria que seria ter um filho a estudar para padre ela lhe respondeu de forma seca “que estava a fazer a sua vida”.
“Muitas vezes me fiz, e ainda faço, a pergunta com frequência: Senhor o que queres de mim; Senhor o que queres que eu faça. É uma pergunta recorrente que faço sobretudo nos momentos de maior aflição” adianta Jorge Sousa numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, depois do meio dia.
“Fui sempre adiando a minha decisão de entrar para o Seminário mas ao mesmo tempo sentia-me sempre incompleto” justifica lembrando as várias etapas da sua vida, desde os tempos em que trabalhou na área de recursos humanos de uma empresa de construção civil, as aulas de Educação Moral e religiosa no Pico, onde formou o grupo de jovens Pedras Vivas e dinamizou a pastoral juvenil ou a passagem pelos bancos da Universidade no curso de Educação Básica.
“Foram experiências magnificas”, recorda com a certeza de que o momento que está para chegar será o melhor de todos.
“É uma grande responsabilidade mas quero estar à altura” referiu na entrevista lembrando que espera que esta ordenação seja também um momento alto para a comunidade.
“Vai ser o grande parto da minha vida não só pela responsabilidade para a minha vida cristã mas também pela responsabilidade diante da comunidade”.
“Quero ser um padre em que a casa esteja sempre com a porta aberta”, refere, sublinhando a importância da escuta, da proximidade e da capacidade diálogo como fundamentais na sua vida.
“Gosto de trabalhar com grupos pequenos” adianta, confessando que é tímido e reservado.
“A minha família, a minha comunidade, os meus párocos foram muito importantes neste percurso” iniciado ao lado da avó materna, “a minha mestra na fé e na religião”, confessa.
“As avós têm de facto esta carisma”, salienta ao recordar-se da importância que a sua teve na iniciação à oração.
“Lembro-me de na primeira guerra do Golfo ela me dizer para rezarmos pelos inocentes da guerra e eu pensar que o Golfo era o campo de golf das furnas atrás da janela da minha casa” recorda em jeito de gargalhada mas comprometido com o sentido pleno da oração. “É muito importante”.
A Missa nova será no dia 18 de julho.
A entrevista de Jorge Sousa pode ser ouvida na integra este domingo, pelas 12h00, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, no programa de rádio Igreja Açores.