Pelo padre Rui Silva
O Domingo de Ramos, é conhecido como o pórtico da Semana Maior dos cristãos, a Semana Santa. A celebração de Ramos, é sempre um convite renovado aos cristãos para a recriação da entrada de Jesus em Jerusalém.
O sinal de partida foi dado na longínqua Quarta-feira de Cinzas, para uma viagem de 40 dias (Quaresma), para chegar a um destino chamado Páscoa. Para chegar à Páscoa, é preciso passar pela Semana Santa, que não pode ser vista como um conjunto de celebrações de uma página do calendário, para cumprimento do “sempre foi assim”.
Pela vergonha, medo, timidez ou descrença, são poucos os ramos agitados pelo ar. Algo que contrasta com a euforia de bandeiras e cachecóis. A aclamação de outrora, deu lugar à hesitação de tudo o que é cristão no espaço público. O silêncio “silenciado” da indiferença.
É bom lembrar que este ano, no turbilhão de sentimentos e emoções (pandemia), espalhados pelo mundo, não haverá procissões e alguns ritos estão suspensos. A suspensão empobrece, mas não esmorece os dias santos da semana, uma vez que o propósito da “Semana mais santa do ano”, é converter vidas e não fazer coisas que enchem, mas não preenchem.
Celebrar estes dias santos, é percorrer o caminho do Calvário. Reviver os passos dados. Passos na história de um caminho. Um caminho feito de amor inexplicável. Um amor salvífico, onde é possível viver, o Deus do amor e o amor de Deus. O Calvário nunca esteve tão perto de nós. A humanidade sofre as dores do caminho do Calvário. O caminho longo e difícil do Calvário Covid.
A Semana Santa, é um desafio aos cristãos. Propor hoje a Semana Santa, como celebração, manifestação e confissão da fé, aos olhos de muitos, é como uma provocação.
A vivência da Semana Santa, não é uma perda de tempo ou um tempo morto. Não é um luxo para alguns ou até um entretenimento para outros, muito menos um cartaz para turista ver. D. Braulio Rodríguez, alertava numa homilia, para o perigo que a Semana Santa pode correr ao converter-se num produto muito atraente, mas sem conter nada de cristão dentro dele.
Ficará suspensa a moda das grandes viagens na Páscoa (pelo menos por enquanto). Falar em Páscoa é falar de férias. Descansar para regressar. Uma espécie de “exigência mental”. A realidade mostra-nos que muitos cristãos estão “fora” da Semana Santa, mesmo sem viagens. A verdade é que a Semana Santa, já foi mais santa. Fala mais o feriado e as “tolerâncias de ponto”, para bons e belos momentos de lazer.
Cumpre-se o “socialmente correto” em detrimento do “religiosamente incorreto”. Mas como hoje tudo tende para a tolerância e para a aceitação de que tudo é normal, chamemos a isto uma tolerância “intolerável”.
A todos um Santa Semana.
Feliz Páscoa, na certeza de que “Deus não está morto”.
Abraço-te.