O Conselho Português de Igrejas Cristãs defende que “as exigências e desafios que se colocam a nível global à família humana requerem que os cristãos das diversas Igrejas se unam em adoração a Cristo”
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022, que começa esta terça-feira, vai congregar em Portugal diferentes Igrejas Cristãs em volta do simbolismo da ‘Estrela de Belém’, apontando para um futuro de “esperança”.
“É um tema muito rico, porque indica que sairemos desse momento escuro e termos a esperança de que chegamos ao nosso destino e não caminhamos sozinhos, caminhamos em comunidade, em ecumenicidade”, disse à Agência Ecclesia a presbítera Abilenia Fischer, da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana).
‘Vimos a sua estrela no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem’ é o tema proposto para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022, que vai envolver as Igrejas e denominações cristãs, entre 18 e 25 de janeiro, no hemisfério norte.
Fischer acrescenta que a estrela “é uma indicação de direção, de presença, de destino”, uma saída para o caminho “inusitado” atual, um tempo diferente, “difícil”, de pandemia.
João Luís Fontes, representante da Igreja Católica no Fórum Ecuménico Jovem (FEJ), salientou que a estrela “aponta um caminho para Cristo” e, ao mesmo tempo, representa uma capacidade de “ler a realidade à luz da esperança”, e Jesus abre um caminho de luz “no meio das trevas, no meio das dificuldades”.
“Para o diálogo ecuménico é perceber que este não é um caminho fácil muitas vezes, mas que, e isto já se diz de há muitos anos, quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais nos aproximamos uns dos outros”, assinala o convidado do Programa ECCLESIA (RTP2), nesta segunda-feira.
Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano foram preparados pelo Conselho das Igrejas do Médio Oriente, sediado em Beirute (Líbano), que recordam as dificuldades, entre outras, provocadas pela explosão no porto da capital libanesa, a 4 de agosto de 2020.
João Luís Inglês assinala que muitas dificuldades da região também se sentem no ocidente, para além da pandemia, as questões “da solidão, da pobreza, desemprego, dificuldades económicas”, e é “um desafio para cada um, nas comunidades cristãs, na diversidade das confissões”, serem capazes de fazer chegar a “luz de esperança àqueles que mais sofrem”.
No domingo, a celebração nacional, entre o Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC) e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), vai realizar-se, na Sé de Aveiro, para além de encontros em diversas regiões, como Funchal, Braga, Angra e Porto, ao longo desta semana.
O programa ‘Eco Igrejas Portugal’, um memorando de entendimento assinado pelo COPIC, a CEP, a Aliança Evangélica, a ONG ‘A Rocha’ e a Rede ‘Cuidar da Casa Comum, é um dos exemplos do caminho das Igrejas Cristãs.
Numa comunicação aos órgãos de comunicação social esta terça feira, o Conselho Português de Igrejas Cristãs (Copic) defendeu que “as exigências e desafios que se colocam a nível global à família humana requerem que os cristãos das diversas Igrejas se unam em adoração a Cristo”.
Para o COPIC esta união deve ser acompanhada de uma “partilha de dons, que manifeste desde já um compromisso pela unidade e constitua um sinal de esperança para o caminhar do tempo presente”.
Os textos litúrgicos que inspiram a oração pela unidade foram este ano preparados pelos cristãos do Médio Oriente, “que escolheram o tema da estrela que surgiu no Oriente e guiou os Magos até ao recém-nascido menino Jesus”.
“Os cristãos do Oriente estão conscientes de que também hoje o mundo compartilha muitas angústias e dificuldades e anseia por uma luz que mostre o caminho para o Salvador que pode vencer as trevas”, acrescenta o COPIC, organismo fundado pelas igrejas Evangélica Metodista Portuguesa, Evangélica Presbiteriana de Portugal e Lusitana Católica Apostólica Evangélica.
Entretanto, o responsável do Departamento do Diálogo Ecuménico da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o bispo Manuel Felício, exortou os cristãos a “reavivarem a grande responsabilidade de fazerem caminho rumo à unidade”.
A propósito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se assinala entre 18 e 25 de janeiro, sob o lema “Nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”, o também bispo da Guarda, lembrou que “na figura dos magos ou sábios, os especialistas tradicionalmente têm visto um símbolo da diversidade dos povos conhecidos naquela época e um sinal de procura de Deus que existe, de facto, em todos os seres humanos”.
“Por sua vez, a estrela de Belém é um sinal de que Deus caminha com o seu Povo, sente a sua dor, ouve os seus gritos e mostra compaixão por ele”, acrescentou o prelado, considerando que “no meio das muitas dificuldades criadas pelas divisões históricas entre as confissões cristãs, a estrela é o dedo de Deus que a todos conduz para aquela unidade desejada e pedida por Jesus”.
Segundo o bispo Manuel Felício, “descobrir os novos caminhos que hão de conduzir as diferentes confissões cristãs à desejada unidade é a grande preocupação da Semana da Unidade”.
Nos Açores, por causa do agravamento da pandemia, as celebrações previstas para Ponta Delgada e para Santa Cruz das Flores foram canceladas. No entanto, o responsável pelo Serviço Diocesano para o Diálogo Ecuménico e Inter Religioso, Monsenhor José Constãncia, apela ao “espírito ecuménico” e que em unidade todas as paróquias açorianas possam viver esta data através da oração.
O ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas.
(Com Ecclesia e Lusa)