A Comissão Episcopal para a mobilidade humana desafia a um maior compromisso com o bem comum

Metade da renúncia Quaresmal que vier a ser apurada na diocese de Angra nesta Quaresma de 2025 reverterá a favor do Fundo de Emergência da Cáritas diocesana para apoiar as famílias em dificuldades. Mas esta não será a única forma de auxiliar a Cáritas a ajudar: esta semana até ao próximo domingo, decorre a Semana Nacional da Cáritas na qual milhares de voluntários participarão em peditórios de rua para angariar fundos para fazer face aos apoios da Cáritas.
A presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que o número e a diversidade de situações de fragilidade social, no país, representa um “desafio” para a instituição de solidariedade e resposta humanitária da Igreja Católica.
“É cada vez maior o desafio de acompanhar as pessoas mais frágeis na sociedade portuguesa, sejam elas residentes portuguesas ou sejam estrangeiras, em situação legal ou ilegal. A diversidade é enorme”, assume Rita Valadas, em entrevista à Agência Ecclesia.
A responsável refere que a diversidade e a mudança nas “situações de pobreza e grande fragilidade” são um problema para quem está no terreno.
“Temos desde as situações de grande fragilidade financeira a situações de completos desenraizamentos, como os estrangeiros, sobretudo os que vêm em situação ilegal e que estão connosco”, explica.
A presidente da Cáritas Portuguesa lembra que há pessoas a viver na rua, a viver “dentro de lojas” ou “amontoadas em andares”.
Rita Valadas entende que as respostas sociais exigem a maior proximidade possível, pelo que a instituição católica, presente em todo o país, acompanha a “mudança social que tem havido nos territórios”.
A responsável convida todos a procurar saber como “podem ajudar a Cáritas a colaborar nos territórios mais próximos, em termos nacionais, em termos europeus e internacionais”.
No âmbito da Semana Nacional, vai decorrer o evento “Retrato da Pobreza em Portugal e na Europa: da Realidade à Esperança”, que atualiza os dados sobre esta temática e atualiza as iniciativas da Cáritas no país.
A apresentação acontece esta terça-feira, a partir das 09h30 (8h30 nos Açores), no Auditório Alto dos Moinhos, em Lisboa, com a presença de Maria Nyman, secretária-geral da Cáritas Europa.
Anualmente, a Cáritas presta apoio a cerca de 120 mil pessoas, através das Cáritas Diocesanas e dos grupos paroquiais que fazem parte da rede nacional.
Na mensagem para esta Semana Nacional da Cáritas, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, alertou para o “distanciamento, desinteresse ou indiferença” de muitas pessoas perante os problemas sociais, apelando ao compromisso de todos os cidadãos e comunidades católicas.
“Como cristãos, não é apenas um imperativo ético, mas também uma questão de fidelidade ao Evangelho. Não podemos viver com distanciamento, desinteresse ou indiferença para com a realidade social a que pertencemos”, escreve o bispo de Santarém, na sua mensagem para a Semana Nacional Cáritas 2025.
O responsável católico alude às “diversas situações de pessoas e famílias que necessitam de respostas de apoio”.
“No desejo de uma sociedade mais justa e melhor, não é suficiente responsabilizar, por todas as soluções, os que assumem cargos políticos. Como membros da sociedade, podemos e devemos fazer parte da solução”, acrescenta.
“É oportuno salientar o esforço das Cáritas Diocesanas que têm valências de respostas sociais permanentes com acordos estabelecidos com a Segurança Social, onde os valores dos contratos dos mesmos são sempre inferiores ao volume das despesas. Todos os anos enfrentam a preocupação com a subida dos custos de funcionamento”.
Na mensagem ‘Cáritas. Amor que transforma em tempo de Jubileu’, D. José Traquina alerta para a “violência entre pessoas em diversos ambientes, incluindo o familiar”.
“A violência e a falta de qualidade nos relacionamentos humanos geram pessoas infelizes e fazem aumentar a pobreza. Os outros não são o inferno. O inferno é a pessoa existir sem amor por nada nem ninguém, sem nenhuma causa justa que dê sentido à sua vida”, escreve.
O texto elogia o compromisso da Cáritas Portuguesa em várias iniciativas da confederação internacional do organismo católico e destaca o “interesse dos jovens” na missão da instituição.
A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana “reconhece o trabalho desenvolvido e conta com a rede Cáritas para continuar a promover o conhecimento, a proximidade e o apoio às situações de carência e emergência”.