O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, dirigiu-se hoje pela primeira vez aos participantes na segunda sessão da XVI Assembleia Geral, desafiando todos a superar modelos que retiram “credibilidade” à Igreja.
“Despojamo-nos de roupagens, de abordagens e de modelos que podem ter sido significativos ontem, mas que hoje se tornaram um peso para a missão e põem em risco a credibilidade da Igreja”, apelou o colaborador do Papa, na saudação inicial à assembleia, reunida na Sala do Sínodo.
Os participantes na nova sessão sinodal estão reunidos, entre hoje e amanhã, para um retiro espiritual, apresentado como “um tempo de oração e de discernimento”, à imagem do que aconteceu na vigília de 2023.
Uma das novidades dos trabalhos deste ano é a vigília penitencial que encerra o retiro, na tarde de terça-feira, para evocar as vítimas da guerra e da exploração da natureza, os migrantes e povos indígenas, as vítimas de abusos, os pobres e os pecados “contra as mulheres, a família e a juventude”.
A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos começa com uma Missa presidida pelo Papa, às 09h30 (menos uma em Lisboa) de quarta-feira; de tarde, a sessão de abertura, também sob a presidência de Francisco, vai ser transmitida em direto pelos meios de comunicação do Vaticano.
Nesta ocasião são apresentados os relatórios dos dez grupos criados pelo Papa Francisco, após os trabalhos da primeira sessão – desenvolvendo questões ligadas à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.
Esta assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão”, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, numa iniciativa global lançada pelo Papa.
A 11 de outubro, no 62ª aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, será organizada uma vigília ecuménica, pela Comunidade de Taizé.
Outra novidade acontece nos dias 9 e 16 de outubro, com a realização de fóruns teológico-pastorais sobre temas como o papel da autoridade do bispo numa Igreja sinodal e a relação entre Igreja-local e Igreja-universal.
A 21 de outubro os participantes param os trabalhos para novo momento de retiro espiritual, tendo em vista a elaboração do documento final do Sínodo 2021-2024.
Como em 2023, o retiro espiritual foi confiado a dois assistentes espirituais, frei Timothy Radcliffe e madre Maria Ignazia Angelini.
A religiosa disse esta manhã, aos participantes, que são necessárias “novas narrativas que abram o horizonte da esperança”.
Já o padre Timothy Radcliffe assinalou que algumas pessoas sentem “dúvidas sobre se alguma coisa será alcançada”, com os trabalhos deste Sínodo, pedindo espaço para “questões desconcertantes”.
“Este Sínodo será um momento de graça se olharmos uns para os outros com compaixão e vermos pessoas que são como nós, em busca. Não representantes de partidos na Igreja, esse cardeal conservador horrível, essa feminista assustadora”, advertiu.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
(Com Ecclesia)