Saudações de Jerusalém – 9.º Dia

Pelo cónego Jacinto Bento

 

Foto: Patriarcado Latino de Jerusalém

Quer queiramos quer não, Jerusalém continua a ser o Centro do Mundo Religioso todos os dias. Aliás, é esta a sua grande vocação, a de ser o Santuário de todas as religiões e igrejas.

Fiquei maravilhado com as celebrações pascais em frente ao Santo Sepulcro de Jerusalém. Cada dia foi diferente do outro, pela sua beleza, pela sua profundidade espiritual, pela sua riqueza teológica e pela sua simbologia que nos fez recuar mais de dois mil anos na história para nos tornarmos contemporâneos de Jesus Cristo.

No entanto, a missa celebrada hoje no Santo Sepulcro, excedeu largamente todas as minhas experiências.

Pelas 10:45, chegaram à Casa Patriarcal, em procissão os Kawas, seminaristas, padres e frades franciscanos que nos levaram em procissão para a Basílica da Ressurreição, pelo percurso já descrito em textos dos dias anteriores, onde foi celebrada em Latim a missa pelo Romano Pontífice.

Nunca participara, anteriormente, numa celebração semelhante. Foi presidida por Sua Beatitude, o Cardeal Pizzaballa um dos apontados como “papabile”, e foi concelebrada por mais um Cardeal Ucraniano a viver na Austrália, pelo Núncio Apostólico, pelo Custódio (Provincial dos franciscanos, mas que tem honras de bispo), e mais de treze arcebispos e bispos, todos católicos, mas com alguns ritos diferentes. Estiveram perto de trezentos sacerdotes. Participaram, ainda, muitas religiosas e religiosos e fiéis leigos. Marcaram presença todas as outras denominações cristãs não católicas a residirem em Jerusalém: o Patriarca Greco-ortodoxo, o Patriarca Arménio, representantes de todos os patriarcas não residentes em Jerusalém, mas onde têm o seu Patriarcado, os bispos anglicano e luterano. Estiveram presentes todos os cônsules creditados em Jerusalém, bem como representantes Judeus e Muçulmanos, além das autoridades civis.

Foi proclamado o texto do Evangelho sobre os Discípulos de Emaús. A homilia foi proferida em inglês pelo Custódio, Fancisco Paton. Ele começou por referir que o Papa pedira que rezassem por ele, mas, agora na Comunhão dos Santos, ele está rezando por nós. Não se esqueceu de tudo o que ele fez na Terra Santa pela paz.

Mal terminou a celebração, já não esperei pela procissão oficial do Santo Seplucro para o Patriarcado.

Regressei a casa e o motorista do Patriarcado levou-me de regresso ao aeroporto de Tel Aviv para embarcar rumo a Lisboa.

Foram nove dias muito cansativos em Jerusalém, mas onde tive uma experiência, aprendizagem e vivência espiritual indiscritível.

Agradeço muito a Deus e a quem me proporcionou tamanha riqueza e profundidade pastoral, bíblica e espiritual.

Gostaria muito de dizer como os judeus dizem uns aos outros no fim de cada Páscoa: Next year in Jerusalém!

Obrigado a cada leitor por também me acompanhar e aos muitos amigos que foram manifestando a sua atenção, carinho e amizade para comigo nestes dias de grande beleza.

 

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