SÃO JOÃO PAULO II: MEMÓRIA DE UM SANTO QUE POR NÓS PASSOU

O Pe Francisco Dolores, um dos organizadores da visita de João Paulo II a Angra, destaca  o aviso do papa quanto às consequências do progresso material que «tende a apagar a voz e o apelo do espírito».

Onze de Maio de 1991, data que ficou gravada no meu coração de sacerdote católico e açoriano, não mais se apagou da memória de muitos que tiveram o privilégio de ver de perto, ouvir e tocar João Paulo II, naqueles seus gestos de acolhimento e de bondade, que a todos contagiava, sobretudo os mais jovens.

A Diocese de Angra não poderá jamais esquecer os passos do Santo Padre, que aceitou o convite do então Bispo D. Aurélio Granada Escudeiro, que meses antes me pediu para preparar a Visita de Sua Santidade, com alguns artigos, no jornal diocesano, sobretudo, nos elos históricos da Sucessão Apostólica que remontam aos tempos de São Pedro e seus sucessores.

Ao tempo era pároco na freguesia de Nossa Senhora de Belém, Terra Chã, que albergava o Pólo Universitário de Angra, da Universidade dos Açores. Não descurei os estudantes que foram dos primeiros a aderir, com a sua presença na Celebração realizada junto à Praça de touros, onde em cuja capelinha o Papa João Paulo lI se paramentou.

Muitos foram os milhares de pessoas que se reuniram no espaço indicado. Mas muitos mais seriam se o compreensível perímetro de segurança tivesse compreendido que um povo que sofrera o Sismo de 1980 e após uma década de esforçada reconstrução, precisava do conforto espiritual daquele que é querido pelos açorianos unidos na fé, esperança e caridade, ao Sucessor de Pedro.

Durante a homilia, que tinha como reflexão o Evangelho escolhido  (os discípulos de Emaús Lucas 24) esteve bem presente a saudação de João Paulo II aos “herdeiros do património espiritual e cultural que a fé em Cristo Ressuscitado, guardaram ao longo de gerações” e que nos exortou a preservar. Profeticamente, avisou-nos de que o “progresso material tende a apagar a voz e o apelo do espírito”.

Por isso mesmo apelou à nossa tradição, rica de experiência humana e de sabedoria cristã. Reafirmou o papel fundamental da Família, o respeito pelos idosos, o cuidado dos doentes o acolhimento e solidariedade mútua. Apelou à oração nos lares. Recordou o nosso Padroeiro diocesano Beato João Baptista Machado e Bento de Góis.

No almoço, realizado na Casa de Retiros de Santa Catarina, Pico da Urze, recebeu o pedido de canonização do Beato João Baptista Machado, Patrono do Emigrante açoriano. Foi nessa ocasião e após o recolhimento de João Paulo II, que tive a oportunidade de me encontrar face a face com Ele e acolher o sorriso e bênção do agora Santo João Paulo II.

Momento inesquecível foi a Insistência do Santo Padre em visitar a Catedral de Angra e de diante do Santíssimo recolher-se em adoração. Não o esqueçamos na nossa memória coletiva de Católicos e de Açorianos nas nestas nove Ilhas da Região Autónoma dos Açores. É caso agora para se dizer: “São João Paulo lI, rogai por nós!”

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