Festa de Nossa Senhora da Conceição, em Angra, encerrou esta quinta-feira, na Solenidade da Imaculada Conceição, com a Missa animada pela Confraria
O Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu esta tarde, em Angra, ao encerramento da Festa de Nossa Senhora da Conceição e desafiou os peregrinos deste Santuário, na ilha Terceira, a imitar Maria na sua disponibilidade e caridade.
“Se a festa do dia 8 de dezembro é a festa do sim de Deus e do sim de Maria deve ser também a festa e o compromisso no nosso sim” disse o sacerdote lembrando que este feriado nacional “por ser o dia da padroeira e rainha de Portugal não é para ficarmos numa figura do passado ou numa epopeia da história coletiva”.
“Somos convidados a tirar uma consequência pessoal deste mistério para o nosso tempo” afirmou o cónego Hélder Fonseca Mendes sublinhando que “o que Maria ouviu, e nós também, não se esgota nela, mas pede a cada peregrino, que tomou a decisão daqui estar, uma vida sã, uma vida santa, irrepreensível em caridade na sua presença, vida própria de filhos e herdeiros”.
A reflexão inicial da homilia da Missa, animada pela Confraria de Nossa Senhora da Conceição, uma entidade com mais de 300 anos, abordou o sentido da solenidade litúrgica deste dia 8 de dezembro, no qual Maria descobriu a sua identidade mais verdadeira.
“A solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria celebra a digna morada que Deus preparou para o seu Filho, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo, como foi definido solenemente como verdade recebida por antiga tradição, atestada liturgicamente desde o século XI e que chegou aos Açores no século XV”, afirmou.
“Esta festa interpela-nos para que também nós, desde a nossa própria vida, saibamos apreciar e imitar a resposta de Maria” enfatizou o sacerdote, pároco in solidum da Sé de Angra, que este ano voltou a encerrar a festa de Nossa Senhora da Conceição, que na última semana tem animado a paróquia com várias reflexões sobre Maria e o seu papel na história da salvação.
“Maria, a nova Eva que aceitou para a sua vida o plano salvador de Deus, é o nosso melhor modelo para a vivência deste tempo do Advento e do Natal da encarnação de Jesus de 2022” recordou o sacerdote ressalvando alguns atributos da mãe de Jesus como a disponibilidade, a centralidade de Deus na sua vida e a missão de levar aos outros a boa nova.
O sacerdote sublinhou a importância desta “graça original”, recebida no Batismo, e que anima a luta contra o mal, em toda a vida.
“Nós não aspiramos ao privilégio singular de Maria, de ser santos desde a concepção”, mas “podemos participar na luta contra o mal, que continua aberta nos nossos dias, apesar da vitória radical de Cristo, empenhando-nos na luta contra a corrupção e a violência, contra a discriminação e a exploração, contra a injustiça em concreto” afirmou o cónego Hélder Fonseca Mendes.
“Este será o modo ativo de colaborarmos na obra da salvação, retirando os obstáculos do caminho que nos impedem de ver a Deus, a criatura humana como nossa irmã, e a humanidade como uma família, cuja a única casa é comum para habitar e cuidar” disse ainda.
Refletindo sobre o papel deste santuário mariano, elevado a santuário diocesano em 1987, o sacerdote sublinhou a experiência da “proximidade a Deus” através “da ternura da Virgem Maria”, da “oração humilde e simples”.
“Este lugar, não obstante a crise de fé que afeta o mundo contemporâneo, é percebido como espaço sagrado rumo ao qual se pode vir como peregrinos para encontrar descanso, silêncio, consolo e contemplação, na vida frenética dos nossos dias” destacou.
“O santuário é um lugar sagrado onde a proclamação da Palavra de Deus, a celebração dos Sacramentos, em particular da Reconciliação e da Eucaristia, e o testemunho da caridade exprimem o compromisso da Igreja para com a evangelização” enfatizou lembrando que se trata de um espaço escancarado aos jovens, aos estudantes, aos doentes, às pessoas com deficiência, aos pobres, marginalizados e migrantes”, ressalvando ainda o papel da Confraria “como lugar de tradição, trabalho e progresso”.
A festa de Nossa Senhora da Conceição começou no passado dia 29, com uma novena pregada por três sacerdotes e hoje culminou num dia cheio de celebrações. No total, foram celebradas 7 missas, envolvendo movimentos de apostolado, jovens e idosos.
Esta quinta-feira a Solenidade da Imaculada Conceição foi celebrada em toda a diocese que está a pouco mais de um mês de receber o novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.
O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, do Papa Pio IX, na qual declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.