Obra é uma edição das Letras Lavadas e foi apresentada hoje por três amigos do cardeal português
O cardeal, teólogo e poeta José Tolentino Mendonça foi esta tarde homenageado por três amigos açorianos que em momentos e situações diversas privaram, e ainda privam, com o Prefeito do Dicastério da Cultura e da Educação Cristã, que no ano passado presidiu às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Esta tarde, o Santuário apresentou a colectânea que reúne as palavras proferidas pelo cardeal português nas duas homilias transmitidas pelos meios de comunicação social- Sermão da procissão da Mudança e Missa de domingo- em 2022 bem como as duas homilias feitas, sem texto escrito, junto dos doentes e da Irmandade do Senhor Santo Cristo.
O livro editado pelas Letras Lavadas intitula-se “Peregrino na Esperança” e revela quatro textos que mais do que reflexões teológicas refletem um olhar de um peregrino, entranhado nesta devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, como reconheceu o Reitor, cónego Adriano Borges.
“O Cardeal Tolentino captou bem aquele olhar que é capaz de curar e alavancar a esperança”, referiu o responsável.
A relação entre o purpurado e esta manifestação de piedade popular dos açorianos foi, de resto, lembrada por Monsenhor António Manuel Saldanha, oficial do Dicastério Romano da Causas dos Santos, remontando-a ao tempo de infância quando o pai levou para casa, na Madeira, um registo do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Por isso, ressalvou, o olhar do cardeal Tolentino Mendonça nesta festa “não foi um olhar de fora mas o de um verdadeiro peregrino”.
“Ele foi capaz de fazer uma explicitação teológica da mensagem que se esconde por detrás deste culto ao Senhor Santo Cristo, fê-lo através da Teologia, da Poesia, dos conhecimentos de Teologia Bíblica com erudição, mas foi mais além : fê-lo através da interpretação do olhar das pessoas , da fé das pessoas e da relação delas com esta imagem” disse o sacerdote faialense.
“Não foi alguém que viesse de fora; nestas festas mostrou, como um micaelense, a espiritualidade profunda que é a fé em Cristo através da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres”, frisou, ainda.
“Este é, talvez, um dos valores da sua presença: oferecermos através de quatro ou cinco textos uma chave de leitura , de interpretação desta fé, que precisa de ser um pouco intelectualizada, mas que é, sobretudo, uma fé assente na emoção e na certeza de que há uma correspondência misteriosa não verbalizada entre esta imagem e as pessoas que a contemplam”, concluiu Monsenhor António Manuel Saldanha.
O terceiro amigo convidado para esta apresentação foi o Padre José Júlio Rocha, Teólogo Moralista, que conviveu com o cardeal Tolentino durante a licenciatura e o doutoramento que efetuaram ambos em Roma, entre 1992 e 1994 e depois entre os anos 2000 e 2004, respetivamente.
“Falar de Tolentino é falar de um irmão. Fomos amigos de infância`” afirmou o sacerdote para sublinhar a amizade entre ambos.
Para o sacerdote terceirense, que é assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, o cardeal Tolentino é, não só um dos maiores poetas portugueses da atualidade, mas também “uma das figuras maiores da espiritualidade portuguesa”.
“Como todos os poetas tem uma sensibilidade na ponta dos dedos, como um guitarrista: a seguir à ponta dos dedos do Cardeal tem que aparecer uma caneta, um teclado…”.
D.José Tolentino Calaça de Mendonça nasceu em Machico, no arquipélago da Madeira, a 15 de dezembro de 1965; foi ordenado padre em 1990, bispo em 2018 e criado cardeal em outubro de 2019, assumindo atualmente as funções de Prefeito do Dicastério da Cultura e Educação Cristã.
Biblista, investigador, poeta e ensaísta, o cardeal Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.