Por Renato Moura
Verão é tempo de férias. Mas o Papa Francisco nem sequer em pleno Agosto deixou de transmitir ensinamentos importantes. Ele valoriza o justo direito ao repouso, mas recorda que para o bem não há férias e deseja mesmo que elas ofereçam “ocasiões para sentir a alegria de viver o amor de Cristo”, nomeadamente com a família e os amigos.
Mas Francisco também manifestou o desejo de nos dedicarmos aos demais, recordando “a multidão de homens e de mulheres que, em várias partes do mundo, são humilhados pela injustiça, a prepotência e a violência”. E nem pensemos que esta realidade está apenas lá longe, só acessível através dos canais de televisão. Não; estes fenómenos desumanos estão por vezes nas famílias vizinhas, nas empresas da nossa terra, como próximos estão também, porventura silenciados, homens, mulheres e crianças vítimas de solidão e abandono; e por isso Francisco nos interpela a que nos sintamos convidados “a encontrar Jesus para estar ao serviço dos irmãos”.
Quando o Papa encoraja, neste Agosto, para olhar os irmãos e irmãs migrantes como ocasiões de “crescimento humano, de encontro e de diálogo” e de “anunciar e testemunhar o Evangelho da caridade”, esta orientação é também para ser aplicada a tantos que deambulam na sua própria terra, sem trabalho, sem alimentação, sem lar, sem família, sem eira nem beira, talvez, pior que tudo, sem consideração como seres humanos. Francisco confrontou a humanidade e obrigou à reflexão, ao afirmar “ainda hoje há tantas pessoas extraviadas, porque não encontram ninguém disponível para as olhar de modo diferente do comum, ou seja com os olhos, com o coração de Deus: disponível para as olhar com esperança”.
O Sumo Pontífice aproveitou a episódio de Jesus a caminhar sobre as águas para realçar o valor imprescindível da fé, que dá segurança, nos preserva do naufrágio perante as inevitáveis tempestades da vida. Recordando o medo e ansiedade humanamente compreensível de Pedro e o grito de “Senhor, salva-me”, disse ver o “desejo de sentir a proximidade do Senhor”. Certamente que o nosso Papa sente que o grito de Pedro pode ser o exemplo para uma nossa curta, mas expressiva, oração.
Persistindo na linha teológica a que nos habituou, voltou a sublinhar a importância do perdão, “a misericórdia que Ele não nega a ninguém” e a vincar a “proximidade de Jesus com os descartados, especialmente com os pecadores”.
“Temos Mãe” disse o Papa em Fátima; e agora “Que a nossa Mãe celeste obtenha para todos a consolação e um futuro de serenidade e de concórdia”.