Restos mortais do bispo emérito de Angra ficam em Santa Maria
O corpo do bispo emérito de Angra, D. António de Sousa Braga, chega hoje aos Açores, à ilha de Santa Maria, sua terra natal, para a realização das cerimónias fúnebres- missa de corpo presente e funeral- que serão presididas pelo Núncio Apostólico da Santa Sé em Lisboa, D. Ivo Scapolo, na Igreja do Santo Espirito, às 17h00.
Nesta Missa estarão representantes dos órgãos de Governo próprio da Região Autónoma dos Açores bem como sacerdotes de outras ilhas e que colaboraram de forma próxima com o bispo emérito, durante os 20 anos do seu episcopado. Entre os presentes estará a Presidente da Câmara de Vila do Porto, que decretou três dias de luto municipal por D.António de Sousa Braga.
O corpo seguirá depois para o cemitério da freguesia, onde D. António de Sousa Braga nasceu, e os restos mortais ficarão no jazigo da família. De salientar que o funeral nos Açores se realiza no dia em que se completam dez anos da morte do 37º bispo de Angra, D. Aurélio Granada Escudeiro.
No domingo, dia 27, às 18h00, decorrerá a Missa de sétimo dia na Sé de Angra, que será presidida pelo Administrador Diocesano e concelebrada pelo Cabido Catedralício, culminando assim as exéquias pelo bispo emérito de Angra.
D. António de Sousa Braga faleceu na segunda feira de tarde vitima de uma paragem cardio-respiratória quando se encontrava a fazer tratamento no hospital. Tinha 81 anos e uma vida inteira de serviço, marcado pela “humildade e simplicidade” como todos reconhecem, desde os bispos portugueses, seus pares, aos sacerdotes açorianos, que liderou durante 20 anos tendo ordenado perto de meia centena de novos padres, a leigos e fiéis passando pelas autoridades civis da região.
Já esta quarta-feira, ás 16h00, decorreu na Igreja Paroquial de Alfragide uma missa exequial presidida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, confrade de D. António de Sousa Braga na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Nesta missa participaram igualmente outros prelados bem como todos os fiéis que se quiseram despedir do bispo açoriano, que viveu os últimos anos da sua vida no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide onde chegou a ser superior e , depois provincial dos padres dehonianos.
Na ocasião, na homilia da Missa exequial, D. José Ornelas destacou o estilo de liderança de D. António de Sousa Braga recordando que era herdeiro dos ventos e das ideias do Concílio, que viveu “no seu coração e na sua ação pastoral” ajudando a “mudar o rosto e a forma de exercício de autoridade na Igreja”.
“Talvez não tenha feito grandes discursos nem tivesse escrito grandes artigos sobre o Concilio mas tinha-o bem interiorizado no seu coração e punha-o em prática em todas as suas acções pastorais ajudando assim a mudar o rosto e a acção da Igreja”, dando “sempre liberdade a quem estava ao seu lado”, sublinhou ainda D. José Ornelas, confrade do bispo emérito de Angra na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus.
D. António de Sousa Braga foi o 38º bispo de Angra, o segundo açoriano na história da diocese, que só teve bispos açorianos oriundos de congregações religiosas, para onde foi nomeado em abril de 1996.
Durante o seu episcopado foram evidentes os problemas de natureza financeira que a diocese atravessou e que graças à gestão da equipa por si nomeada estão hoje ultrapassados mas que não deixaram de comprometer o normal desenvolvimento da pastoral da Igreja. Criou o Colégio de Consultores e reabilitou o Cabido da Sé que esteve sem funcionar durante mais de uma década. Durante o seu episcopado a Igreja sofreu igualmente com a destruição de várias igrejas nas ilhas do Faial e do Pico, na sequência do sismo de 98 no Faial, que afectou as ilhas do Pico e São Jorge, também; a tragédia da Ribeira Quente e são da sua lavra os primeiros planos diocesanos pastorais mais estruturados, com orientações para toda a diocese.
D. António de Sousa Braga era muito próximo do Seminário e por isso revelou sempre um profundo conhecimento do seu presbitério que conhecia como ninguém. Próximo dos leigos, era visita assídua em todas as ilhas com regularidade, seja para visitas pastorais seja para a celebração do sacramento do Crisma.
A proximidade, a simplicidade e a humildade com que se relacionava com todos é porventura o legado maior do seu episcopado que é recordado com saudade.