Igreja açoriana celebra 30ª Jornada Mundial da Juventude com várias iniciativas em todas as ilhas
A Igreja Católica açoriana celebra hoje em todas as ilhas do arquipélago o Dia Mundial da Juventude, uma iniciativa que o Diretor Diocesano da Pastoral Juvenil assinalou nos Arrifes, em São Miguel pedindo aos jovens que sejam “corajosos e ousados no amor e na vivência do Evangelho”.
“Podíamos ser felizes sem Jesus mas não seria a mesma coisa. O facto Dele estar no nosso coração faz-nos diferentes e é nessa diferença que devemos viver e comprometer-nos” disse o Pe Norberto Brum durante a missa campal que decorreu este domingo, junto à Igreja da Saúde, Arrifes, em Ponta Delgada e que foi concelebrada pelos Padres Paulo Vieira (responsável pela pastoral juvenil na ouvidoria da Lagoa) e Valter Resende (Pároco dos Milagres e da Saúde).
No final da celebração de Ramos, que marca o inicio da Semana Santa, o responsável pela pastoral juvenil na Diocese de Angra pediu aos jovens que “sejam protagonistas” de uma Igreja “que acolhe, que sara feridas, que promove o encontro e que está muito para além das burocracias e dos ritos”.
“Os jovens têm de ser o fermento desta Igreja” disse o pe Norberto Brum referindo-se aos tempos de hoje e aos apelos do Papa Francisco para que a Igreja seja uma espécie de hospital de campanha “sempre pronta para sarar feridas”.
Reconhecendo que hoje “os tempos são outros e há cada vez menos gente” o sacerdote disse que “não há mal nenhum nisso” pois antes se calhar “eramos muitos mas éramos mais massa e pouco fermento e hoje os jovens são mais fermento que massa e é o fermento que faz levedar”.
Referindo-se ao momento “particularmente difícil que a juventude vive”, o Pe Norberto Brum lembrou que esta geração ao contrário do que se diz “não é rasca mas está à rasca” porque os “adultos não os deixam ter casa, ter emprego ou simples protagonismo”. Por isso, conclui o sacerdote, “só há uma coisa em que os jovens não estão à rasca porque Jesus já está no seu coração”.
Numa Eucaristia muito participada não só pela comunidade dos Arrifes mas também pelos jovens de todas as ouvidorias da ilha de São Miguel, o Pe Norberto Brum deixou um desafio final.
“Chegou a hora de darmos um salto qualitativo nesta igreja que é muito mais que uma estrutura; que deve ser um ponto de encontro com uma entrada e uma saída de onde possamos partir com a Alegria do Evangelho em missão”.
Esta jornada diocesana da juventude foi assinalada em todas as 16 ouvidorias dos Açores. Em Ponta Delgada foi particularmente abraçada pelo Grupo de Jovens “Os Caminhantes”, dos Arrifes, que esta semana celebraram 18 anos e pelas congregações religiosas que prestam serviço na ouvidoria de Ponta Delgada que se fizeram representar na Eucaristia.
Além da Missa Campal, a jornada diocesana realizou-se com várias iniciativas de música, teatro, dança, jogos sem fronteiras e o lançamento do primeiro jornal diocesano da juventude intitulado “9 ilhas uma só igreja”.
Na capa colorida do jornal que vai ser trimestral, on line (as edições impressas serão feitas apenas no dia mundial da juventude) pode ver-se uma foto legenda com Jovens “De Santa Maria ao Corvo, uma geração alegre no Senhor”.
Também nas ilhas Terceira, Faial, Pico e São Jorge foram várias as iniciativas desenvolvidas para assinalar este dia Mundial da Juventude. Um dia em que os jovens rezaram particularmente pelo Bispo diocesano que regressou hoje a Angra do Heroísmo, depois de ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica. D. António de Sousa Braga irá presidir a todas as celebrações da Semana Santa, na Sé de Angra.
No Vaticano, o Papa saudou “com afeto” todos os presentes na Praça de São Pedro.
“Caros jovens, exorto-vos a prosseguir o vosso caminho seja nas dioceses, seja na peregrinação através dos continentes, que vos levará no próximo ano a Cracóvia, pátria de São João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude”, disse.
Francisco destacou que o tema desta Jornada – ‘Felizes os puros de coração, porque verão a Deus’ – está em sintonia com o Ano Santo da Misericórdia, o jubileu que vai decorrer entre dezembro de 2015 e novembro de 2016.
“Deixai-vos preencher pela ternura do Pai, para a difundir aos outros”, concluiu.
A celebração contou com a participação de jovens de Roma e outras dioceses.
O Papa escreveu uma mensagem para esta jornada, na qual refere que a vocação humana para o amor não se reduz ao “aspeto sexual” e o matrimónio não está “fora de moda”.
“Exorto-vos a rebelar-vos contra a tendência generalizada de banalizar o amor, sobretudo quando se procura reduzi-lo apenas ao aspeto sexual, desvinculando-o assim das suas características essenciais de beleza, comunhão, fidelidade e responsabilidade”, apelou.
Francisco refere que na juventude surge “a grande riqueza afetiva”, o “desejo profundo dum amor verdadeiro, belo e grande”, sinal da “capacidade de amar e ser amados”.
“Não permitais que este valor precioso seja falsificado, destruído ou deturpado”, escreve o Papa.
Na mensagem do Papa, intitulada “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”, Francisco dirige-se aos jovens para lhes pedir que salvaguardem a “criação, a pureza do ar, da água e dos alimentos”, sublinhando que é necessário “com maior razão ainda” “salvaguardar a pureza” do que a pessoa tem de “mais precioso”: os corações e as relações.
“Esta ‘ecologia humana’ ajudar-nos-á a respirar o ar puro que provém das coisas belas, do amor verdadeiro, da santidade”, afirma o Papa no documento.
Francisco recorda que “comunidade eclesial inteira está a viver um período especial de reflexão sobre a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”, no contexto do Sínodo dos Bispos sobre a Família, e afirma que o matrimónio não está “fora de moda”.
“Alguns de vós sentem ou hão de sentir o chamamento do Senhor para o matrimónio, para formar uma família. Hoje, muitos pensam que esta vocação esteja ‘fora de moda’, mas não é verdade!”, sublinha o Papa, convidando também os jovens a “tomar em consideração” a vocação à vida consagrada e ao sacerdócio.
O Papa recordou o discurso que fez aos voluntários da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, a 28 de julho de 2013, onde pediu aos jovens para rejeitar a “cultura do provisório”, do “curtir” o momento.