Pe Paulo Borges alerta para a importância dos cuidados paliativos
O Diretor Diocesano da Pastoral da Saúde e Capelão do Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada alerta para a necessidade de que o “processo terminal” de uma vida seja acompanhado do “conforto e respeito pela dignidade de um ser humano, que quer ser humano até ao fim”.
Num artigo publicado aqui no Sítio Igreja Açores, o sacerdote lembra que “o processo terminal indica à pessoa que a doença grave e incurável ameaça a continuidade da sua vida atingindo um ponto sem retorno” e, por isso deve-lhe ser garantida “toda a dignidade”.
A posição do Pe Paulo Borges, que assinala o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos este sábado, neste ano 2015 dedicado à reflexão da temática sobre “Vidas silenciadas, pacientes silenciados”, parte de uma reflexão sobre dados referentes a doentes acompanhados pela Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos (EIHSCP), composta por 15 profissionais de saúde, que apontam para uma intervenção de curta duração junto destes doentes.
“Nove dias (título do artigo) é o tempo médio registado em que os doentes são cuidados pela Equipa. Nove dias apenas. Pouco mais de uma semana. Isto fez-me pensar na brevidade da vida. Mas também na necessidade de a Equipa chegar aos que sofrem mais cedo no tempo, apoiá-los e fazê-los encontrar o caminho da tranquilidade e da paz interior”, refere o sacerdote, sublinhando a importância da vida e da consciência que é preciso ter da sua finitude.
Nos Açores a necessidade dos cuidados paliativos não é nova. A região avançou com a criação das primeiras 13 equipas e camas hospitalares para cuidados paliativos em março deste ano, nas ilhas de Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial e Pico.
Além disso, existem também os internamentos de cuidados paliativos que foram criados nos três hospitais da região (São Miguel, Terceira e Faial), mas o número de camas –fica aquém das necessidades.
Um estudo da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) revelado em outubro do ano passado concluiu que os Açores, a par dos distritos de Aveiro, Leiria e Santarém não tinham quaisquer cuidados paliativos e que metade dos doentes referenciados morre sem acesso a este tipo de assistência.
Os cuidados paliativos são cuidados ativos e globais, prestados a pessoas em intenso sofrimento decorrente de doença grave, incurável, progressiva, sobretudo quando em fase avançada e/ou terminal.
Este tipo de cuidados tem por objetivo melhorar a qualidade de vida, promover a dignidade da pessoa doente e apoiar os seus familiares, durante toda a trajetória de doença e no luto. Note-se, porém, que os cuidados paliativos não devem confinar-se à fase final da vida .