Livro sobre a história de vida do bispo de Macau, diplomata da Santa Sé, contado na primeira pessoa pelo seu autor
“D. Paulo José Tavares- O bispo diplomata” é o título do livro de António Pedro Costa, que será lançado no próximo dia 25 em Rabo de Peixe, vila natal do bispo de Macau, que faleceu há 50 anos.
Numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que foi para o ar este domingo, o autor revela as “múltiplas facetas” deste homem “simples mas fascinante”, dotado “de um inteligência rara” que para muitos estava esquecido.
No livro, diz António Pedro Costa, também natural de Rabo de Peixe, podem conhecer-se as várias facetas deste “homem brilhante” e influente na diplomacia da Santa Sé.
“Foi ele quem leu o Evangelho na celebração de abertura do Concilio Vaticano II, foi proto-notário do Papa João XXIII e foi ele que, por exemplo, levou ao Papa do Concilio o manuscrito da Irmã Lúcia com o Segredo de Fátima”, afirma António Pedro Costa.
“Era um diplomata da Santa Sé que conhecia bem os meandros da Secretaria de Estado facto que o levou até Macau, como bispo, para mediar as relações entre a Santa Sé e o estado chinês numa altura particularmente difícil, em plena revolução maoista”, refere.
“Ele teve um papel muito importante no apaziguamento das relações entre a China e a Santa Sé, num momento em que a Igreja era perseguida em nome dos ideais da revolução cultural”, sublinha destacando a sua “capacidade de escuta e de diálogo”.
“É porventura o que ele nos tem a ensinar hoje” refere António Pedro Costa.
“Resgatar a sua memória não foi fácil mas foi um grande desafio até para dar a conhecer um homem desta envergadura aos mais novos” refere, ainda.
“D. Paulo era filho de agricultor; o pai não queria que estudasse; só foi para o Seminário depois de grande entusiasmo da mãe e, a seguir a ele, todos os irmãos estudaram”, destaca o autor frisando o papel do irmão, José Alfredo, que seria depois o seu secretário particular.
“Foi um homem que se destacou na escola, nesse percurso conseguiu acabar o seminário, foi estudar para Roma onde foi ordenado padre; esteve na Universidade Gregoriana, fez os seus estudos, destacando-se sempre mas com uma grande simplicidade.Foi um grande homem…Era justo fazer-lhe esta memória” conclui António Pedro Costa.
“A Igreja por vezes esquece as suas grandes figuras, este não poderia ser esquecido porque foi um dos grandes”.
A entrevista pode ser ouvida na íntegra aqui.
(Com Tatiana Ourique)