Semana dos seminários assinalada na diocese de Angra com vigília de oração pelas vocações em todas as ouvidorias e festa de aniversário do Seminário
O reitor do Seminário Episcopal de Angra pede a toda a comunidade cristã – sacerdotes, religiosos e famílias- que aproveitem a semana dos seminários, que se assinala entre 6 e 13 de novembro, para rezarem em prol de novas vocações sacerdotais.
Numa carta enviada aos sacerdotes diocesanos o Pe Hélder Miranda Alexandre afirma que nesta semana “somos todos convidados a rezar pelas vocações sacerdotais e a trabalhar pelo incremento das mesmas, assim como a dar apoio à formação dos futuros presbíteros”.
O Seminário integra presentemente 19 seminaristas, 15 dos quais da ilha de São Miguel. Entre os cinco novos seminaristas , que entraram este ano para o Seminário de Angra, apenas dois são naturais de outras ilhas, nomeadamente de São Jorge e do Pico. Este último é, aliás o aluno mais novo e frequenta ainda o 12º ano, na Escola P. Jerónimo Emiliano de Andrade.
De entre os alunos há dois que frequentam o sexto ano e que serão ordenados diáconos no próximo dia 8 de dezembro, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo- Jacob Vasconcelos(Flores) e Nelson Pereira (Terceira)-. O Seminário tem ainda um aluno no quinto ano; outro no quarto; seis no terceiro ano e quatro no segundo ano. No primeiro ano, também designado de propedêutico estão quatro dos cinco novos alunos que entraram este ano para a instituição, “o que constituiu uma alegria para todos”, refere o reitor na carta enviada aos presbíteros e que se fez acompanhar de uma série de materiais para a diocese viver a semana dos seminários.
Uma pagela, uma oração, um guião de vigília de oração e ainda uma proposta de meditação do rosário são alguns dos materiais enviados pelo seminário que é também o principal responsável pela promoção da pastoral das vocações e ministérios na diocese.
O Pe Hélder Miranda Alexandre convida toda as ouvidorias a promoverem no dia 5 de novembro uma vigília de oração em prol das vocações. É nesse dia que é celebrada uma vigília na igreja de Santa Bárbara, paróquia da Fonte Bastardo, na ilha Terceira e o responsável pede que se faça o mesmo em todas as ouvidorias como sinal “de união”. Também no dia 9 de novembro assinala-se o 153 º aniversário do Seminário Episcopal de Angra, um momento para “recordar todos os que passaram por esta Instituição, nomeadamente professores, alunos e benfeitores falecidos”, refere a nota do reitor.
A semana dos seminários é promovida a nível nacional, sob o lema “Movidos pela Misericórdia de Deus”.
O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. Virgílio Antunes, refere que esta semana “ajuda-nos a compreender com mais clareza qual a origem de todas as vocações na Igreja, qual a fonte da vocação sacerdotal: Deus, rico de misericórdia”.
O prelado de Coimbra lembra que a vocação nasce da misericórdia, “a única realidade capaz de transformar alguém que, na vida, se encontra perdido, sem esperança nem salvação, é o encontro com a misericórdia dos outros, reflexo da misericórdia de Deus”.
“Nenhuma lei deste mundo, nenhum conselho, nenhum raciocínio da razão têm a mesma capacidade para mover a mente, a vontade e o coração do filho perdido, mas pode move-lo a comoção do pai, que sintoniza com o sofrimento ou as alegrias do filho” refere o responsável pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.
“No momento do encontro não há perguntas, nem recriminações ou discussão; apenas acolhimento afetuoso, perdão, amor, porque mais importante do que tudo o que o filho fez é o próprio filho que estava perdido, regressou e precisa de ser salvo”, refere ainda lembrando a parábola do filho pródigo.
No entanto, alerta: “A vocação sacerdotal não nasce somente de um chamamento, de um desejo ou de um impulso interior; ela é fruto do encontro do Deus misericordioso com o homem perdido e que é encontrado, com o homem morto e que revive”. Por isso, “a vocação sacerdotal só pode desabrochar em quem humildemente conhece aquilo que é e sabe que tudo deve à grandeza do amor de Deus. Quem se considera perfeito e santo nunca acolherá o dom da vocação; se porventura se decide pelo sacerdócio é porque atribui a si mesmo o mérito da decisão. Nessa altura, não se trata de uma verdadeira vocação, pois é uma escolha humana e não o acolhimento do dom da iniciativa divina”.
O bispo de Coimbra sublinha ainda a importância das crianças e dos jovens serem “longa e profundamente introduzidos na vivência da relação com o Deus da misericórdia”.
“Se nunca se sentiram perdidos na vida nem mortos por causa do pecado, se nunca se encontraram com a necessidade do perdão, do abraço, da alegria de Deus pelo seu regresso, não podem desejar pôr-se ao seu serviço para que outros experimentem a mesma salvação”, precisa.
E acrescenta: “Uma educação cristã que não favorece experiências fortes de encontro com Deus nos momentos de espiritualidade, de oração, de reconciliação, de perdão, de partilha das misérias humanas, não pode ter consequências vocacionais”.
“Uma família que não vive relações de comunhão a partir da fé e onde cada um não está disposto a acolher, compreender e perdoar no seguimento de Jesus, não fomenta os gérmenes da vocação”, destaca.
“Uma séria pastoral das vocações sacerdotais assenta na promoção de ações que levem a experimentar a misericórdia de Deus que se alegra com cada um dos filhos que reencontra e conhecer em primeira mão a alegria de cair nos seus braços de Pai”, conclui.
A nota pastoral do presidente da Comissão Episcopal para as Vocações e Ministérios deixa ainda considerações sobre a decisão de entrar para o Seminário, que “tem de ser acompanhada devidamente pela igreja” e essa caminhada deve ter “como primeiro objetivo ajudar os jovens a crescer no conhecimento da misericórdia de Deus para consigo mesmos; nessa altura sentir-se-ão movidos interiormente a pôr a sua vida ao serviço dos outros”.
“A decisão de ser padre, ministro de Deus e da Igreja, nasce do encontro com o Deus rico de misericórdia que escolhe e capacita alguns para serem seus rostos visíveis por meio do sacramento da Ordem” diz o prelado.
A propósito, ainda do Seminário, refere que “ é um lugar, um tempo, uma comunidade cristã, que favorece o crescimento dos candidatos ao sacerdócio na alegria do encontro com a misericórdia de Deus que os move no sentido da misericórdia para com os irmãos” e por isso deve ser “verdadeira casa da misericórdia onde todos se alegram porque Deus continua em todos os tempos a fazer festa por um só pecador que se arrepende, por um filho perdido que se reencontra, por alguém que estava morto e reviveu”.