Reitor do Santuário da Serreta diz que tão importante como anunciar o Evangelho é “mostrar como se pratica”

 

Santuário terceirense é uma das 23 Igrejas jubilares dos Açores

O Reitor do Santuário da Serreta, na ilha Terceira, afirma que o grande desafio da igreja açoriana “não é explicar o Evangelho” mas sim “mostrar como é que se faz: como se perdoa, como se ama”.

Em declarações ao Sítio Igreja Açores, a propósito do Ano Santo da Misericórdia, o Cónego Manuel Carlos diz que “a fé insculturada é a que resulta de uma vivência e da experiência”.

Para isso “é preciso substituir uma pastoral terra a terra, centrada no imediato e sem substância e passarmos a uma pastoral mais ativa, assente na substância”, sublinha lembrando que o Ano Santo da Misericórdia conjugado com a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, entre os dias 7 de janeiro e 28 de fevereiro, com paragem em todas as ouvidorias da diocese, “deveria ser o momento oportuno para iniciar essa mudança”.

No contexto da visita, o sacerdote lembra que é necessário “prosseguir o acolhimento às pessoas” e questiona “de que serve fazermos grandes aglomerações se depois não fica nada?”.

O Cónego Manuel Carlos sublinha que no Santuário há “um programa” de comemorações do Ano Santo da Misericórdia, mas “tudo depende da mobilização das pessoas”.

“O que acontece na Serreta não é muito comum na igreja açoriana, mas as pessoas que fazem esta caminhada fazem-na independentemente da relação que têm com a igreja”, sublinha o reitor do Santuário, destacando que “estas peregrinações à Serreta, como a outros santuários, são manifestações de fé muito livres, sem grandes compromissos para além dos que são estabelecidos entre o peregrino e Deus, pedindo a mediação de Nossa Senhora”.

“A igreja deveria aproveitar melhor e tirar mais partido desta relação”, afirma o Cónego Manuel Carlos. Como? “Prolongando as oportunidades para aprofundar determinadas vivências”.

“Tal como existe esta liberdade também deveria haver outra abertura por parte da Igreja. As pessoas que fazem esta caminhada sabem que à chegada não têm ninguém a julgá-las ou a fazer-lhes perguntas. É tudo rápido. Se calhar o nosso acolhimento dentro da igreja poderia também ser diferente”, conclui o sacerdote.

Durante este Ano Santo, as portas do Santuário estarão sempre abertas e as expetativas do reitor é que haja um maior afluxo de pessoas, sobretudo durante a permanência da Imagem Peregrina entre 22 e 24 de fevereiro, com uma especial participação das paróquias entre as Quatro Ribeiras e o Raminho e do Movimento da Mensagem de Fátima.

“O Ano Santo da Misericórdia destina-se a que as pessoas acolham a misericórdia de Deus e assumam o compromisso de serem também elas misericordiosas com os irmãos”., conclui o reitor lançando mais um desafio à igreja.

“Ou a Igreja aproveita esta oportunidade e revela uma capacidade maior para comunicar com os cristãos ou serão os cristãos- os mesmos de sempre- a viver este ano santo”, acrescenta o Cónego Manuel Carlos.

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