Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo alerta para necessidade do reforço da segurança pública na cidade de Ponta Delgada

Foto: Igreja Açores/JEC

“Algo pode estar a falhar. Todos somos responsáveis e não devemos de desistir de fazer pressão para que o mal seja combatido”- Cónego Manuel Carlos Alves

O reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo apelou esta manhã a um reforço da segurança pública para evitar o sentimento de medo que atravessa a vida na cidade de Ponta Delgada.

“A segurança pública está a falhar e a polícia poderá não estar a cumprir plenamente as suas competências. Julgo que o problema não é das leis mas da forma como as lemos”, afirmou o cónego Manuel Carlos Alves no final da Missa desta manhã no Santuário e na sequência do esfaqueamento de um homem que ocorreu ao final da manhã de ontem nas imediações do edifício.

“O que aconteceu foi em plena luz do dia, numa rua e num lugar tão movimentados” referiu o sacerdote apelando a um “compromisso de todos” para que este problema seja resolvido.

“Não importa quem tem responsabilidades, quem deve ou não atuar ou de quem é culpado. Todos nós, desde os que fazem as leis, aos que a aplicam até nós cristãos somos socialmente responsáveis e por isso não nos podemos demitir no combate ao mal” referiu sublinhando situações concretas de indigência e consumo de estupefacientes que acontecem diariamente no Campo de São Francisco e nas imediações do Santuário.

“Não nos afastemos das nossas responsabilidades e apelemos junto das autoridades para que elas atuem dentro das suas competências. Precisamos de resolver os problemas”, disse.

“As pessoas não podem viver com medo” afirmou ainda frisando que as “autoridades têm de cumprir as suas funções de proteger a segurança dos cidadãos e dos espaços públicos”.

O aumento da indigência e do consumo de estupefacientes na cidade de Ponta Delgada é uma evidência diária, tal como o aumento ao nível da região.

Mais de um terço das novas substâncias psicotrópicas apreendidas em 2021 em Portugal foram recolhidas nos Açores, onde já foram registadas substâncias “nunca vistas” na Europa, revelou a Polícia Judiciária em 2022.

O número de consumidores destas drogas na região não está contabilizado, mas, em março de 2023, estavam 937 utentes em programas de substituição opiácea e “muitos deles paralelamente consomem drogas sintéticas”, disse numa entrevista à Agência Lusa em 2023 a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi.

Um estudo da associação Novo Dia relativo em 2020 identificou 493 sem-abrigo nos Açores e “uma maior proporção de sem-abrigo por mil habitantes (2%)” do que no continente (0,84%).

Nos últimos três anos, “foi apreendido um conjunto superior a 53 mil doses de substâncias sintéticas para consumo” na região e que foram importadas.

Já em 2023, foi também apreendida uma quantidade muito significativa de metanfetaminas, perto de 20 mil doses, uma droga “sintética ultrapotente que também é comercializada na região”.

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