QUINZENA VOCACIONAL

Vocações, Testemunho de Vida – «Gerar a Vida, Construir o Futuro».

É o tema do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações (11 de Maio de 2014). À volta deste Domingo do Bom Pastor (IVº Domingo da Páscoa), a Diocese de Angra costuma promover a chamada “Quinzena Vocacional”, interpelando as comunidades no sentido de rezarem  e de realizarem ações de Pastoral Vocacional, em favor de todas as vocações de especial consagração na Igreja.

 

1.A vocação, o chamamento de Deus é sempre um dom de Deus, que é dado gratuitamente. «Não fostes vós que Me escolhestes: fui Eu que vos escolhi» – disse claramente Jesus (Jo 15, 16). Dom que é preciso pedir a Deus, com a disponibilidade de o acolher. «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe, para que envie trabalhadores para a Sua messe» (Mt 9, 35-38).

 

 

«Estas palavras causam-nos surpresa – adverte o Papa Francisco – porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que “a messe é grande”. Quem trabalhou, para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a ação eficaz, que é causa de “muito fruto”, deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf Jo 15, 5)» (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2014).

 

 

2. Ao rezarmos pelas vocações, devemos ter a coerência da disponibilidade em acolhê-las e ajudá-las a dar uma resposta positiva ao chamamento de Deus.  Muito já se faz, na Diocese, pelas vocações de especial consagração na Igreja, mas ainda se pode fazer mais e melhor. Há comunidades e movimentos que têm boas iniciativas nesse sentido. Há consagrados/as e sacerdotes que se preocupam e ocupam com a promoção vocacional.

 

 

O próprio Seminário diocesano tem-se empenhado em iniciativas significativas de Pastoral Vocacional, envolvendo, nomeadamente, os próprios seminaristas, com frutos evidentes. Mas a rede de animação vocacional tem de se estender a toda a Diocese. Há Ilhas que não têm seminaristas no Seminário Episcopal de Angra, nem vocacionados/as nos Institutos Religiosos. Não falta quem clame que a Diocese deva envidar todos esforços, para manter o Seminário Episcopal aberto. Isso depende de vários fatores.

 

 

Determinante é o número de alunos. Atualmente, há 16 seminaristas: 9 no Sexénio Teológico e 7 no Ano Propedêutico. Os do Propedêutico são todos de S. Miguel. Os do Sexénio distribuem-se pelas seguintes ilhas: 3 de S. Miguel, 2 do Faial, 1 da Terceira, 1 da Graciosa, 1 do Pico e 1 das Flores.

 

 

Há ilhas que, há anos, não dão um seminarista. Se queremos o Seminário, trabalhemos por ele. Isso vem também a propósito do apoio material, de que precisa. Todos os anos, os ofertórios das Missas do fim-de-semana do Domingo do Bom Pastor (este ano: 10 e 11 de Maio) destinam-se a apoiar o Seminário. No ano passado, essa coleta rendeu Euros 8.651, 40. Agradecendo esse interesse pelo nosso Seminário, espero que, apesar da crise, também este ano, continuem esse interesse e apoio, a todos os níveis.

 

 

«Gerar a Vida, Construir o Futuro»

 

 

3. «Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si – esclarece o Santo Padre. A vocação brota do coração de Deus germina na terra boa do povo fiel…» (Mensagem Vocações, 2014). Isso chama em causa, não só as comunidades cristãs, mas também as famílias cristãs. Só na medida em que se tornar autêntica «Igreja doméstica», será viveiro de vocações à vida consagrada.

 

 

Este ano, a quinzena vocacional começa no Dia da Mãe (4 de Maio). Não esqueçamos, pois, as mães, que são o esteio das famílias. Rezemos e sejamos solidários com elas, neste momento difícil para a família. Por outro lado, não esqueçamos que de 4 a 11 de Maio é a Semana da Vida, subordinada ao tema: «Gerar  a Vida, Construir o Futuro».

 

 

No «inverno demográfico» que estamos a viver, torna-se, cada vez mais difícil, propor a vocação à vida consagrada na Igreja.  Por isso, não há pastoral vocacional, se não dermos a mão à família, hoje em profunda crise.  Não é por acaso que o Papa Francisco convoca o Sínodo dos Bispos para debater a problemática da família, em duas Assembleias: uma Extraordinária em 2014 e outra Ordinária em 2015.

 

 

Nos próximos anos, a Diocese terá, portanto, que se debruçar sobre a situação da família, dando maior ênfase, nomeadamente, às iniciativas promovidas pela Pastoral Familiar da Diocese, no âmbito, por exemplo, da Semana da Vida. E, naturalmente, acompanhando de perto, ao longo destes dois anos, a preparação e a realização das Assembleias Sinodais sobre “Desafios Pastorais da Família no Contexto da Evangelização».

 

 

4. Não há promoção vocacional, sem o testemunho de vida. «Em muitos lugares, há escassez de vocações – observa o Santo Padre. Frequentemente, isso fica a dever-se à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam, nem fascinam. Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas» (Papa Francisco, Evangelii  Gaudium, 2013, 107).

 

 

O beato João Paulo II, canonizado a 27 de Abril de 2014, explicava que «a medida alta da vida cristã» é a santidade. Vai nesse sentido a exortação final do o Papa Francisco, na Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações: «A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, “exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos, com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes, oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja”  (Novo Millennio Ineunte, 31)».

 

 

A palavra de ordem é, pois, testemunhar a alegria do Evangelho, com a ajuda do Espírito Santo, que Jesus Ressuscitado prometeu enviar e envia, como possibilidade divina das impossibilidades humanas. Feliz Páscoa! Sempre!

+ António, Bispo de Angra

Scroll to Top