Sacerdote faialense iniciou esta tarde a pregação do novenário da festa de Santa Maria Madalena a primeira grande festa de verão das Ilhas do Triângulo
Arrancou esta tarde o novenário da festa de Santa Maria Madalena, na ilha do Pico, e o pregador, Cónego António Manuel Saldanha, desafiou a um conhecimento mais profundo sobre a “verdade” que foi a vida desta mulher.
“Que estas festas abram os nossos olhos para a verdade que foi a vida desta mulher, discípula e apóstola, não só por ter sido testemunha da morte e ressurrreição mas sobretudo por ter reconhecido e ter sido apóstola da grandeza da vida que a ressurreição anuncia e que a fez missionária” disse o sacerdote, natural da ilha do Faial e que é oficial no Dicastério para a Causa dos Santos.
O sacerdote chamou o tema à sua homilia no inicio deste novenário para lembrar que à semelhança de Maria Madalena- “uma mulher profundamente doente e autossuficiente que teria morrido se não se tivesse encontrado com Deus , um encontro que a fez segui-Lo sem qualquer condição”- também os cristãos devem afastar tudo o que os impede de seguir “cegamente a Deus”.
“Esta mulher não brincou com Jesus , nunca O abandonou” disse e, referindo-se à imagem que se venera nesta Igreja do Pico, afirmou: “Olhem para estas lágrimas como um hino de amor; alguém que procura uma resposta e uma pessoa… O seu desespero (por ter encontrado o sepulcro vazio, na manhã de sábado) teve uma resposta. Como terão uma resposta todas as dúvidas que nos assolam nesta vida”, disse ainda o cónego António Manuel Saldanha.
A partir da liturgia proclamada, e centrado no exemplo de Maria Madalena, desafiou os participantes na eucaristia a “dar testemunho da fé e de Cristo”, apresentando um itinerário semelhante ao do grito de Amós, na primeira leitura desta celebração: “a denúncia de mãos dadas com o anuncio da Palavra de Deus”.
“O grito de Amós é o grito da Igreja em todos os séculos: a denuncia de mãos dadas com o anúncio da Palavra de Deus. Não a denuncia barata e simples de quem nada faz; uma denuncia feita pela proclamação da palavra mas encarnada no corpo de tantos homens ou mulheres, padres ou leigos, que nos campos, nas terras de missão, que nos hospitais, nas guerras e lugares onde ninguém quer ir apresentam o corpo de Cristo na sua própria carne, que abraça, que ergue, que cuida e acompanha e chora com quem deve chorar e que dá esperança a quem precisa dela”, afirmou.
“A Deus não é um problema o incenso queimado, a veste que o sacerdote enverga ou os cânticos litúrgicos…Não são os ritos que são malditos por si mesmo; não é isso que desgosta a Deus mas a contradição existente entre o que se anuncia e o que se faz em concreto no dia-a-dia desta vida”, afirmou. E, prosseguiu: “Olhos postos no alto e fechados para a terra, o coração aberto para Deus e fechado para os irmãos, os olhos abertos para as nossas imagens mas fechados para o dia-a-dia, para a dor, para os problemas, para as dificuldades do próximo”.
Para o sacerdote só esta coerência- entre o que se anuncia e o que se faz- habilita para a missão, da qual “ninguém está excluído”.
“Em Deus não há uma única vida destinada à inutilidade”, mas a missão “antes de ser anúncio é encontro com as pessoas, com o irmão”.
“Quem quer anunciar Cristo tem de saber fazer pontes… Não se anuncia Cristo com a palavra mas com a vida”, disse ainda.
“Seremos missionários se soubermos fazer encontro, comunhão, pontes”, concluiu.
Diariamente o cónego António Saldanha, cónego da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, será o pregador desta edição que tem como tema “Senhor, ensina-nos a orar”, uma passagem do Evangelho de Lucas que foi adotado como lema pelos santuários diocesanos. Recorde-se que a oração está no centro da vida cristã e este ano que precede o jubileu da Esperança, particularmente, o santo padre desafiou a Igreja a ter como prioridade a oração e vários contributos têm sido publicados em ordem a explicar e a ensinar o valor da oração.
Todos os dias de 15 a 19 de julho, às 18h30, os devotos de Santa Madalena terão à sua disposição a possibilidade de celebrar o sacramento da reconciliação, seguido da eucaristia, com pregação às 19h30.
A eucaristia solene de festa serão celebrada no dia 22 de julho, pelas 16h00, e será presidida pelo cónego Adriano Borges, pároco da igreja Matriz de São Sebastião, em Ponta Delgada. A alocução final da festa será assegurada pelo padre José Borges, ouvidor de Vila Franca do Campo.
No final desta celebração o pároco, padre Marco Martinho, apelou à participação na festa e agradeceu a disponibilidade do colega e saudou o regresso do coro juvenil Vozes de Magdala, que animou o canto litúrgico nesta celebração e voltará a animar no dia da festa.