Por Renato Moura
No dia 19 celebrou-se a festividade cristã de S. José, o Pai adoptivo de Jesus. Dele não nos foi revelada uma única palavra, mas esse homem de silêncio teve acções essenciais, essas sim descritas no Evangelho, nomeadamente a aceitação do papel que lhe foi confiado, bem como um conjunto de viagens que teve de empreender durante a infância de Jesus.
Esse papel de Pai influenciou a escolha de 19 de Março, para comemoração do Dia do Pai. Cada vez são maiores as exigências que se colocam aos pais, todos os dias, na educação e protecção dos filhos, no mundo controverso em que vivemos. Entre muitas outras coisas precisarão de cultivar o silêncio para ouvir as suas consciências e os seus filhos, terem uma inteira disponibilidade para entenderem as missões que lhes cabem, terem infinita paciência para realizarem e ajudarem a concretizar deveres e sonhos.
Neste dia de S. José faleceu o empresário Rui Nabeiro, com quase 92 anos. Houve quem considerasse não ser uma coincidência, pois tantos são a considerá-lo, há muitos anos, como um pai, pela disponibilidade revelada para ajudar quem necessitasse, fossem pessoas ou instituições.
Sucederam-se homenagens das mais destacadas individualidades públicas e um sentimento consensual inédito, da parte de empresários, de trabalhadores, das pessoas em geral, pois nem só daqueles com quem conviveu, mas de todos quantos conheciam os princípios e os valores que nortearam a sua vida.
Inúmeras capacidades lhe foram atribuídas: partir de uma pequena empresa; inovar e crescer; ampliar riqueza; construir um enorme império empresarial; assumir responsabilidade cívica e preocupação social; criar generosamente postos de trabalho; demonstrar como se eleva uma terra do interior e se desenvolveu e engrandeceu económica e socialmente Campo Maior.
Tudo obra de um homem simples, sem licenciatura, trabalhador incansável, que sempre cultivou a humildade, a ética e o rigor, a honestidade e o respeito pelo próximo, olhado – antes e depois da partida – como pessoa de genuína bondade, encantador, com um coração raro, admirado e amado.
Um homem que fica para a história pelo exemplo de empreendedorismo, edificado sobre a sabedoria advinda de talento e experiência, a par do respeito e dos valores humanistas. Mais importante que a herança material, fica o legado inspirador: de trabalho, de convicção, de felicidade, de exemplo de liderança a aprender e seguir.
Nabeiro não morrerá. Viverão mortos aqueles que o louvaram e admiraram, se não souberem aproveitar os seus bons exemplos.